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VERSO 44

evaṁ sammohayan viṣṇuṁ
vimohaṁ viśva-mohanam
svayaiva māyayājo ’pi
svayam eva vimohitaḥ

evam dessa maneira; sammohayan querendo mistificar; viṣṇum o onipenetrante Senhor Kṛṣṇa; vimoham que nunca pode ser mistificado; viśva-mohanam mas que mistifica todo o universo; svayā pelo seu (de Brahmā) próprio; eva na verdade; māyayā pelo poder místico; ajaḥ senhor Brahmā; api mesmo; svayam ele próprio; eva decerto; vimohitaḥ foi desorientado, ficou mistificado.

Assim, porque o senhor Brahmā quis mistificar o onipenetrante Senhor Kṛṣṇa, que nunca pode ser mistificado, mas que, ao contrá­rio, mistifica todo o universo, ele mesmo se desorientou pelo seu próprio poder místico.

SIGNIFICADO—Brahmā queria confundir Kṛṣṇa, aquele que confunde todo o universo. Todo o universo está sob o poder místico de Kṛṣṇa (mama māyā duratyayā), mas Brahmā quis mistificá-lO. O resultado foi que o próprio Brahmā foi mistificado, assim como alguém que quer matar outrem pode terminar sendo morto. Em outras palavras, Brahmā foi derrotado pela sua própria tentativa. Em posição semelhante estão os cientistas e filósofos que querem sobrepujar o poder místico de Kṛṣṇa. Eles desafiam Kṛṣṇa, dizendo: “Quem é Deus? Podemos fazer isso, e podemos fazer aquilo.” Porém, quanto mais lançam a Kṛṣṇa semelhante desafio, mais se sujeitam ao sofrimento. Aqui, a lição a ser aprendida é que não devemos tentar suplantar Kṛṣṇa. Ao contrário disso, em vez de nos esforçarmos por superá-lO, devemos nos render a Ele (sarva-dharmān parityajya mām ekaṁ śaraṇaṁ vraja).

Em vez de derrotar Kṛṣṇa, o próprio Brahmā foi derrotado, pois não pôde entender o que Kṛṣṇa fazia. Uma vez que Brahmā, a principal pessoa dentro deste universo, ficou imerso nessa desorientação, o que dizer dos supostos cientistas e filósofos? Sarva-dharmān parityajya mām ekaṁ śaraṇaṁ vraja. Devemos abandonar todos os nossos frágeis esforços com os quais tentamos desafiar o arranjo de Kṛṣṇa. Em vez disso, todos os arranjos que Ele propuser, devemos aceitar. Isso sempre é o melhor, pois isso nos fará felizes. Quanto mais tentarmos derrotar o arranjo de Kṛṣṇa, mais nos implica­remos na māyā de Kṛṣṇa (daivī hy eṣā guṇa-mayī mama māyā duratyayā). Mas aquele que chegou à posição de render-se às instruções de Kṛṣṇa (mām eva ye prapadyante) é liberado, liberto de kṛṣṇa-māyā (māyām etāṁ taranti te). O poder de Kṛṣṇa é exatamente como um governo que não pode ser subjugado. Em primeiro lugar, existem as leis, e então existe o poder policial, e, acima deste, o poder militar. Portan­to, que adianta tentar dominar o poder do governo? Igualmente, que adianta tentar desafiar Kṛṣṇa?

No próximo verso, fica claro que Kṛṣṇa não pode ser derrotado por nenhuma classe de poder místico. Se a pessoa obtém mesmo um pequeno poder de conhecimento científico, ela tenta desafiar Deus, mas, na verdade, ninguém é capaz de confundir Kṛṣṇa. Quando Brahmā, a principal pessoa dentro do universo, tentou confundir Kṛṣṇa, ele próprio foi confundido e surpreendido. Essa é a posição da alma condicionada. Brahmā quis mistificar Kṛṣṇa, mas ele próprio foi mistificado.

Neste verso, a palavra viṣṇum é significativa. Viṣṇu penetra todo o mundo material, ao passo que Brahmā ocupa meramente um posto subordinado.

yasyaika-niśvasita-kālam athāvalambya
jīvanti loma-vila-jā jagadaṇḍa-nāthāḥ

(Brahma-saṁhitā 5.48)

A palavra nāthāḥ, que se refere ao senhor Brahmā, é plural porque existem inúmeros universos e inúmeros Brahmās. Brahmā não passa de uma força muito pequena. Isso foi demonstrado em Dvārakā quando Kṛṣṇa mandou chamar por Brahmā. Certo dia, quando Brahmā foi visitar Kṛṣṇa em Dvārakā, o porteiro, a pedido do Senhor Kṛṣṇa, pergun­tou: “Que Brahmā tu és?” Mais tarde, quando Brahmā perguntou a Kṛṣṇa se isso significava que havia mais de um Brahmā, Kṛṣṇa sorriu e imediatamente chamou muitos Brahmās que residiam em muitos universos. O Brahmā de quatro cabeças, encarregado deste universo, viu então inúmeros outros Brahmās que vinham ver Kṛṣṇa e ofere­ciam seus respeitos. Alguns deles tinham dez cabeças; outros, vinte; outros, cem, e alguns tinham um milhão de cabeças. Ao ver essa maravilhosa apresentação, o Brahmā de quatro cabeças ficou nervoso e começou a julgar que ele não era mais do que um mosquito em meio a muitos elefantes. Logo, o que Brahmā pode fazer para confun­dir Kṛṣṇa?

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