VERSO 56
tato ’tikutukodvṛtya-
stimitaikādaśendriyaḥ
tad-dhāmnābhūd ajas tūṣṇīṁ
pūr-devy-antīva putrikā
tataḥ — então; atikutuka-udvṛtya-stimita-ekādaśa-indriyaḥ — cujos onze sentidos foram impactados por um acontecimento muito surpreendente e depois aturdidos pela bem-aventurança transcendental; tad-dhāmna — pela refulgência daquelas viṣṇu-mūrtis; abhūt — ficou; ajaḥ — senhor Brahmā; tūṣṇīm — silencioso; pūḥ-devī-anti — na presença de uma deidade da vila (grāmya-devatā); iva — assim como; putrikā — um boneco de barro feito por uma criança.
Então, pelo poder da refulgência daquelas viṣṇu-mūrtis, o senhor Brahmā, com seus onze sentidos impactados pelo evento surpreendente e aturdidos pela bem-aventurança transcendental, silenciou-se, assim como um boneco de barro de uma criança na presença da deidade da vila.
SIGNIFICADO—Brahmā ficou atordoado devido à bem-aventurança transcendental (muhyanti yat sūrayaḥ). Em seu espanto, todos os seus sentidos ficaram aturdidos, e ele foi incapaz de ver ou fazer alguma coisa. Brahmā considerava-se absoluto, julgando-se a única deidade poderosa, mas agora seu orgulho foi subjugado, e ele voltou a ser um mero semideus – um importante semideus, evidentemente, mas um semideus. Brahmā, portanto, não pode ser comparado a Deus – Kṛṣṇa, ou Nārāyaṇa. Se é proibido comparar a Nārāyaṇa mesmo semideuses como Brahmā e Śiva, o que dizer de outros?
yas tu nārāyaṇaṁ devaṁ
brahma-rudrādi-daivataiḥ
samatvenaiva vīkṣeta
sa pāṣaṇḍī bhaved dhruvam
“Alguém que considera que os semideuses como Brahmā e Śiva estão no mesmo nível que Nārāyaṇa na certa deve ser considerado um ofensor.” Não devemos igualar os semideuses a Nārāyaṇa, pois até mesmo Śaṅkarācārya proibiu isso (nārāyaṇaḥ paro ’vyaktāt). Também, como se menciona nos Vedas, eko nārāyaṇa āsīn na brahmā neśānaḥ: “No começo da criação, havia apenas a Personalidade Suprema, Nārāyaṇa, e não existia Brahmā ou Śiva.” Portanto, todo aquele que, no final de sua vida, lembra-se de Nārāyaṇa alcança a perfeição da vida (ante nārāyaṇa-smṛtiḥ).