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VERSO 62

dṛṣṭvā tvareṇa nija-dhoraṇato ’vatīrya
pṛthvyāṁ vapuḥ kanaka-daṇḍam ivābhipātya
spṛṣṭvā catur-mukuṭa-koṭibhir aṅghri-yugmaṁ
natvā mud-aśru-sujalair akṛtābhiṣekam

dṛṣṭvā após ver; tvareṇa com grande velocidade, rapidamen­te; nija-dhoraṇataḥ de seu cisne carregador; avatīrya desceu; pṛthvyām sobre o solo; vapuḥ seu corpo; kanaka-daṇḍam iva como uma vara dourada; abhipātya caiu; spṛṣṭvā tocando; catuḥ-mukuṭa-koṭi-bhiḥ com as extremidades de suas quatro coroas; aṅghri-­yugmam os dois pés de lótus; natvā prestando reverências; mut-aśru-su-jalaiḥ com a água de suas lágrimas de alegria; akṛta realizou; abhiṣekam a cerimônia de ablução de Seus pés de lótus.

Após ver isso, o senhor Brahmā rapidamente desceu de seu cisne carregador, estirou-se ao chão como uma vara dourada e, com as extremidades das quatro coroas que estavam sobre suas cabeças, tocou os pés de lótus do Senhor Kṛṣṇa. Oferecendo suas reverências, ele banhou os pés de Kṛṣṇa com a água de suas lágrimas de alegria.

SIGNIFICADO—O senhor Brahmā prostrou-se, tal qual uma vara, e, como a tez do senhor Brahmā é dourada, ele parecia uma vara de ouro colocada diante do Senhor Kṛṣṇa. Quando alguém cai diante de um superior e fica tal qual uma vara, esse oferecimento de reverên­cias chama-se daṇḍavat. Daṇḍa significa “vara”, e vat, “como”. Mas não se deve simplesmente dizer: “daṇḍavat”. Em vez disso, a pessoa deve estirar-se no chão. Assim, Brahmā caiu, tocando suas frontes nos pés de lótus de Kṛṣṇa, e seu choro de êxtase deve ser considerado como uma cerimônia abhiṣeka com a qual se faz a ablução dos pés de lótus de Kṛṣṇa.

Aquele que apareceu diante de Brahmā como uma criança hu­mana de fato era a Verdade Absoluta, o Parabrahman (brahmeti paramātmeti bhagavān iti śabdyate). O Senhor Supremo é narākṛti, isto é, Ele parece um ser humano. Não se deve pensar que Ele tem quatro braços (catur-bāhu). Nārāyaṇa é catur-bāhu, mas a Pessoa Suprema parece um ser humano. Isso também é confirmado na Bíblia, onde se diz que o homem foi feito à imagem de Deus.

O senhor Brahmā viu que Kṛṣṇa, sob Sua forma de vaqueirinho, era Parabrahman, a causa fundamental de tudo, mas agora apare­cia como uma criança humana, perambulando em Vṛndāvana com um pouco de alimento em Sua mão. Atônito, o senhor Brahmā apressou-se em descer de seu cisne carregador e caiu ao solo com seu corpo esticado. Habitualmente, os semideuses nunca tocam o solo, mas o senhor Brahmā, voluntariamente abandonando seu pres­tígio de semideus, colocou-se diante de Kṛṣṇa e prostrou-se no solo. Embora tenha uma cabeça em cada direção, Brahmā voluntariamente caiu ao solo com todas as cabeças e tocou os pés de Kṛṣṇa com as pontas de seus quatro elmos. Embora sua inteligência funcione em todas as direções, ele entregou tudo diante do menino Kṛṣṇa.

Menciona-se que Brahmā lavou os pés de Kṛṣṇa com suas lágrimas, e aqui a palavra sujalaiḥ indica que suas lágrimas foram purificadas. Logo que bhakti se faz presente, tudo se purifica (sarvopādhi-vinirmuktam). Portanto, o choro de Brahmā era uma forma de bhakty-anubhāva, uma transformação do amor extático transcendental.

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