No edit permissions for Português

VERSO 4

śreyaḥ-sṛtiṁ bhaktim udasya te vibho
kliśyanti ye kevala-bodha-labdhaye
teṣām asau kleśala eva śiṣyate
nānyad yathā sthūla-tuṣāvaghātinām

śreyaḥ — do supremo benefício; sṛtim — o caminho; bhaktim — serviço devocional; udasya — rejeitando; te — eles; vibho — ó Senhor oni­potente; kliśyanti — lutam; ye — aqueles que; kevala — exclusivamente; bodha — de conhecimento; labdhaye — para a obtenção; teṣām — para eles; asau — este; kleśalaḥ — incômodo; eva — apenas; śiṣyate — per­manece; na — nenhuma; anyat — outra coisa; yathā — assim como; sthūla-tuṣa — cascas vazias; avaghātinām — para os que estão pilando.

Meu querido Senhor, o serviço devocional a Vós é o melhor caminho para a autorrealização. Se alguém abandona este cami­nho e se dedica ao cultivo de conhecimento especulativo, apenas se submeterá a um processo penoso e não alcançará o resultado desejado. Assim, tal qual uma pessoa que pila uma casca de trigo vazia não pode obter o cereal, quem simplesmente especula não pode lograr a autorrealização. Seu único ganho é transtorno.

SIGNIFICADO—O serviço amoroso à Pessoa Suprema é a função natural e eterna de toda entidade viva. Se alguém renuncia à sua própria função constitucional e, em vez disso, busca com muito afinco a dita iluminação através do conhecimento especulativo impessoal, seu resultado será apenas o trabalho e o incômodo que advêm de seguir um processo ar­tificial. Um tolo pode pilar uma casca vazia, sem saber que o cereal já não se encontra ali. Da mesma maneira, é tolo aquele que, com sua mente, lança-se repetidas vezes na busca de conhecimento sem se render à Suprema Personalidade de Deus, pois é a Suprema Personalidade de Deus que é a própria substância e meta do conhecimento, assim como o cereal é a substância e meta de todo o esforço agrícola. A ciência material, ou até mesmo o conhecimento védico, sem a Per­sonalidade de Deus é tal qual uma inútil casca de trigo vazia.

Talvez se argumente que, pela prática de yoga ou pelo cultivo de conhecimento impessoal, é possível conquistar prestígio, riqueza, poderes místicos ou até a liberação impessoal. Mas esses pretensos ganhos, na verdade, são inúteis, porque não situam a entidade viva em sua posição constitucional de serviço amoroso ao Senhor Supremo. Portanto, tais resultados, por serem supérfluos à natureza essencial do ser vivo, são impermanentes. Como se declara no Nṛsiṁha Pu­rāṇa, patreṣu puṣpeṣu phaleṣu toyeṣv akrīta-labhyeṣu vadaiva satsu/ bhaktyā su-labhye puruṣe purāṇe muktyai kim arthaṁ kriyate prayatnaḥ: “Visto que a Personalidade de Deus primordial Se deixa conquistar facilmente através do oferecimento de presentes tais como folhas, flores, frutas e água, todos os quais se encontram sem dificuldade, por que alguém precisa fazer esforços extrínsecos para obter a libe­ração?­”

Embora o processo de serviço devocional ao Senhor Kṛṣṇa seja muito simples, é muito difícil para almas condicionadas teimosas se humildarem sem reservas diante da Suprema Personalidade de Deus e se absorverem vinte e quatro horas por dia em Seu serviço amoroso. A atitude de serviço amoroso é como uma maldição para as rebel­des almas condicionadas determinadas a desafiar Deus e a desfrutar. Quando tais obstinadas almas condicionadas tentam esquivar-se da rendição a Deus apelando para empenhos vaidosos, tais como espe­culação filosófica, austeridade e yoga, elas são arrojadas de volta à plataforma material pelas poderosas leis de Deus e mergulham vio­lentamente no agitado oceano de insignificância chamado mundo ma­terial.

« Previous Next »