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VERSO 42

tato ’nujñāpya bhagavān
sva-bhuvaṁ prāg avasthitān
vatsān pulinam āninye
yathā-pūrva-sakhaṁ svakam

tataḥ — então; anujñāpya — dando permissão; bhagavān — o Senhor Supremo; sva-bhuvam — a Seu próprio filho (Brahmā); prāk — antes; avasthitān — situados; vatsān — os bezerros; pulinam — à margem do rio; āninye — trouxe; yathā-pūrva — assim como antes; sakham — onde os amigos estavam presentes; svakam — Seus próprios.

Após permitir que Seu filho Brahmā partisse, a Suprema Personalidade de Deus pegou os bezerros, que ainda se encontravam no mesmo lugar que tinham estado há um ano, e levou-os à margem do rio, onde Ele estivera almoçando e onde Seus amigos vaqueirinhos permaneciam tal como antes.

SIGNIFICADO—A palavra sva-bhuvam, “a Seu próprio filho”, indica que o Senhor Kṛṣṇa perdoou a ofensa cometida por Brahmā e tratou-o com afeição, como Seu filho. Afirma-se neste verso que os amigos vaqueiri­nhos e bezerros originais encontravam-se tal como antes: perto da margem do rio Yamunā e na floresta, respectivamente. Primeiro, os bezerros tinham desaparecido na floresta e o Senhor Kṛṣṇa fora procurá-los. Não os encontrando, o Senhor retornara à margem do rio para discutir a situação com seus amigos vaqueirinhos, mas eles também haviam desaparecido. Agora as vacas estavam de novo na floresta, e os amigos, outra vez na beira do rio, prontos para almoçar. Segundo Śrīla Sanātana Gosvāmī, os bezerros e os meninos fica­ram na floresta e na beira do rio, respectivamente, por um ano inteiro. O senhor Brahmā de fato não os levou para outro lugar. Em virtude da onipotente energia ilusória do Senhor, as gopīs e outros residentes de Vṛndāvana não se deram conta dos bezerros e meninos, nem os bezerros e meninos perceberam que um ano se passara, tampouco sentiram fome, frio ou sede. Tudo isso fazia parte do passatempo providenciado pela potência ilusória do Senhor. O senhor Brahmā pensou: “Mantive todos os meninos e bezerros de Gokula dormindo no leito de minha potência mística, e até hoje eles não acordaram. Igual número de meninos e bezerros estiveram brincando com Kṛṣṇa durante um ano inteiro, mas estes são diferentes daqueles que fica­ram sob a ilusão de minha potência mística. Quem são eles? De onde vieram?”

Nada é invisível ao Senhor Supremo. Portanto, o Senhor Kṛṣṇa pa­recia estar à procura dos bezerros e meninos apenas para encenar o pas­satempo teatral de confundir o senhor Brahmā. Depois que Brahmā se rendeu e ofereceu orações, o Senhor Kṛṣṇa voltou aos meninos e bezerros originais, que tinham a mesma aparência de antes, embora tivessem crescido um pouco devido ao transcorrer de um ano.

Segundo Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura, porque o Senhor Kṛṣṇa estava brincando tal qual um inocente vaqueirinho em Vṛndāvana, depois que o Brahmā de quatro cabeças ofereceu suas orações, o Senhor manteve Seu papel de vaqueirinho e, devido a isso, permaneceu em silêncio diante de Brahmā. O silêncio de Kṛṣṇa indica os seguin­tes pensamentos: “De onde veio este Brahmā de quatro cabeças? O que ele está fazendo? O que significam essas palavras que ele está falando? Estou ocupado à procura de Meus bezerros. Sou apenas um vaqueirinho e não entendo nada disso.” O senhor Brahmā havia conside­rado que o Senhor Kṛṣṇa era um vaqueirinho qualquer e O tratara como tal. Após aceitar as preces de Brahmā, Kṛṣṇa continuou a representar o papel de vaqueirinho, daí não ter respondido ao Brahmā de quatro cabeças. Aliás, Kṛṣṇa estava mais interessado em juntar-Se a Seus amigos vaqueirinhos para o almoço do piquenique à beira do rio Yamunā.

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