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VERSO 50

śrī-śuka uvāca
sarveṣām api bhūtānāṁ
nṛpa svātmaiva vallabhaḥ
itare ’patya-vittādyās
tad-vallabhatayaiva hi

śrī-śukaḥ uvāca — Śrī Śukadeva Gosvāmī disse; sarveṣām — para todos; api — de fato; bhūtānām — seres vivos criados; nṛpa — ó rei; sva-ātmā — o próprio eu; eva — decerto; vallabhaḥ — o mais querido; itare — outros; apatya — filhos; vitta — riqueza; ādyāḥ — e assim por diante; tat — por aquele eu; vallabhatayā — baseado na afeição; eva hi — de fato

Śrī Śukadeva Gosvāmī disse: Ó rei, para todo ser criado, o que há de mais querido, sem dúvida, é o próprio eu. A afeição por tudo mais – filhos, riquezas e assim por diante – deve-se apenas à afeição pelo eu.

SIGNIFICADO—Às vezes, os pensadores modernos ficam perplexos ao estudarem a psicologia do comportamento moral. Embora toda entidade viva tenha como prioridade a autopreservação, conforme se afirma aqui, às vezes alguém sacrifica voluntariamente seu aparente interes­se em prol de atividades filantrópicas ou patrióticas, tais como dar seu dinheiro em benefício do próximo ou dar a vida em favor do in­teresse nacional. Tal comportamento dito abnegado parece contradi­zer o princípio do egocentrismo material e da autopreservação.

Como se explica neste verso, todavia, a entidade viva serve à so­ciedade, à nação, à família e assim por diante apenas porque esses objetos de afeição representam o conceito expandido do falso ego. O patrio­ta se vê como um eminente servidor de uma eminente nação, daí sacrificar a vida para satisfazer seu senso de egotis­mo. De maneira semelhante, é de conhecimento geral que um homem sente grande prazer em pensar que está sacrificando tudo para agra­dar a sua querida esposa e filhos. Um homem obtém enorme prazer egotista por sentir-se um abnegado benquerente de sua dita família e comunidade. Desse modo, para satisfazer seu orgulhoso sentido de falso ego, um homem está preparado até para sacrificar a vida. Este comportamento aparentemente contraditório é mais uma demonstra­ção da confusão decorrente da vida material, que, digamos, “não tem pés nem cabeça”, visto ser uma manifestação da grosseira ignorância da alma imaterial.

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