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VERSO 56

kāliya uvāca
vayaṁ khalāḥ sahotpattyā
tamasā dīrgha-manyavaḥ
svabhāvo dustyajo nātha
lokānāṁ yad asad-grahaḥ

kāliyaḥ uvāca — Kāliya disse; vayam — nós; khalāḥ — invejosos; saha utpattyā — por nosso próprio nascimento; tāmasāḥ — de natureza ignorante; dīrgha-manyavaḥ — constantemente irados; svabhāvaḥ — a própria natureza material; dustyajaḥ — é muito difícil abandonar; nātha — ó Senhor; lokānām — para pessoas comuns; yat — por causa do que; asat — do irreal e impuro; grahaḥ — a aceitação.

A serpente Kāliya disse: Nosso próprio nascimento como serpen­te fez-nos invejosos, ignorantes e sempre irados. Ó meu Senhor, é muito difícil para as pessoas abandonarem sua natureza condiciona­da, devido à qual elas se identificam com o que é irreal.

SIGNIFICADOŚrīla Sanātana Gosvāmī salienta que, devido à sua condição deplo­rável, Kāliya era incapaz de compor orações originais para o Senhor, e por isso parafraseou algumas das orações oferecidas por suas es­posas. A expressão asad-graha indica que uma alma condicionada se agarra a coisas impermanentes e impuras tais como o próprio corpo, o corpo alheio e outras incontáveis variedades de objetos dos sentidos materiais. O resultado final desse apego material é frustra­ção, desapontamento e angústia – fato que agora ficou claro como cristal para a pobre serpente Kāliya.

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