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VERSOS 65-67

divyāmbara-sraṅ-maṇibhiḥ
parārdhyair api bhūṣaṇaiḥ
divya-gandhānulepaiś ca
mahatyotpala-mālayā

pūjayitvā jagan-nāthaṁ
prasādya garuḍa-dhvajam
tataḥ prīto ’bhyanujñātaḥ
parikramyābhivandya tam

sa-kalatra-suhṛt-putro
dvīpam abdher jagāma ha
tadaiva sāmṛta-jalā
yamunā nirviṣābhavat
anugrahād bhagavataḥ
krīḍā-mānuṣa-rūpiṇaḥ

divya — divinas; ambara — com roupas; srak — guirlandas; ma­ṇibhiḥ — e joias; para-ardhyaiḥ — valiosíssimos; api — também; bhū­ṣaṇaiḥ — ornamentos; divya — divinos; gandha — com perfumes; anulepaiḥ — e unguentos; ca — bem como; mahatyā — primorosa; ut­pala — de lótus; mālayā — com uma guirlanda; pūjayitvā — adoran­do; jagat-nātham — o Senhor do universo; prasādya — satisfazendo; garuḍa-dhvajam — a Ele cuja bandeira tem o emblema de Garuḍa; tataḥ — então; prītaḥ — sentindo-se feliz; abhyanujñātaḥ — recebida a permissão de partir; parikramya — circungirando; abhivandya — oferecendo reverências; tam — a Ele; sa — junto com; kalatra — suas espo­sas; suhṛt — amigos; putraḥ — e filhos; dvīpam — para a ilha; abdheḥ — no mar; jagāma — foi; ha — de fato; tadā eva — naquele mesmo mo­mento; sa-amṛta — nectárea; jalā — sua água; yamunā — o rio Yamunā; nirviṣā — livre do veneno; abhavat — tornou-se; anugrahāt — pela mi­sericórdia; bhagavataḥ — da Suprema Personalidade de Deus; krīḍā — para os prazerosos passatempos; mānuṣa — semelhante à humana; rūpiṇaḥ — manifestando uma forma.

Kāliya adorou o Senhor do universo oferecendo-Lhe primoro­sas roupas, junto com colares, joias e outros ornamentos valiosos, perfumes e unguentos maravilhosos, e uma grande guirlanda de flores de lótus. Tendo assim satisfeito o Senhor, cuja bandeira tem o emblema de Garuḍa, Kāliya sentiu-se satisfeito. Após re­ceber permissão do Senhor para partir, Kāliya circungirou-O e ofereceu-Lhe reverências. Então, levando suas esposas, amigos e filhos, foi para sua ilha no mar. No mesmo momento em que Kāliya partiu, o Yamunā de imediato recuperou sua condição origi­nal, livre de veneno e repleto de água nectárea. Isso aconteceu pela misericórdia da Suprema Personalidade de Deus, que estava manifestando uma forma semelhante à humana para desfrutar Seus passatempos.

SIGNIFICADOŚrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura fez extensos comentários sobre este verso. Para explicar a palavra maṇibhiḥ – “(Kāliya adorou o Senhor) com joias” –, o ācārya citou o Śrī Rādhā-kṛṣṇa-gaṇoddeśa-dīpikā, de Rūpa Gosvāmī, como segue:

kaustubhākhyo maṇir yena
praviśya hradam auragam
kāliya-preyasi-vṛnda-
hastair ātmopahāritaḥ

“O Senhor fizera com que Sua joia Kaustubha entrasse no lago da serpente, e então providenciou que ela Lhe fosse presentea­da pelas mãos das esposas de Kāliya.” Em outras palavras, porque queria agir tal qual um ser humano comum, o Senhor Kṛṣṇa tornou invisível a transcendental joia Kaustubha e fez com que ela entrasse no tesouro de Kāliya. Então, quando chegou o momento apropriado para Kāliya adorar o Senhor com muitas diferentes joias e ornamen­tos, as esposas da serpente, sem saberem do truque transcendental do Senhor, presentearam-nO com a joia Kaustubha, pensando que era apenas uma das joias de suas posses.

O ācārya comentou ainda que a razão de o Senhor Kṛṣṇa ser des­crito neste verso como garuḍa-dhvaja, “aquele cuja bandeira traz o símbolo de Seu transportador, Garuḍa”, é que Kāliya também dese­java tornar-se um transportador do Senhor Kṛṣṇa. Garuḍa e as serpentes têm originalmente o parentesco de irmãos, de modo que Kāliya dese­java sugerir ao Senhor Kṛṣṇa: “Se alguma vez tiverdes de ir a um lugar distante, deveis também pensar em mim como Vosso transpor­tador. Sou servo de Vosso servo, e em um piscar de olhos posso viajar centenas de milhões de yojanas.” Em razão disso, os Purāṇas narram que, no decurso do ciclo eterno de passatempos do Senhor Kṛṣṇa, quando Kaṁsa ordena ao Senhor que vá para Mathurā, Ele às vezes vai para lá montado sobre Kāliya.

Neste ponto, encerram-se os significados apresentados pelos humil­des servos de Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhu­pāda referentes ao décimo canto, décimo sexto capítulo, do Śrīmad-Bhāgavatam, intitulado “Kṛṣṇa Castiga a Serpente Kāliya”.

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