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VERSO 19

na rarājoḍupaś channaḥ
sva-jyotsnā-rājitair ghanaiḥ
ahaṁ-matyā bhāsitayā
sva-bhāsā puruṣo yathā

na rarāja — não brilhou; uupaḥ — a Lua; channaḥ — encoberta; sva-­jyotsnā — por sua própria luz; rājitaiḥ — que são iluminadas; ghanaiḥ — pelas nuvens; aham-matyā — pelo falso ego; bhāsitayā — que é iluminado; sva-bhāsā — por seu próprio brilho; puruṣaḥ — a entidade viva; yathā — como.

Durante a estação das chuvas, a Lua foi impedida de apare­cer diretamente devido à cobertura das nuvens, as quais eram iluminadas pelos raios da Lua. Do mesmo modo, o ser vivo na existência material é impedido de aparecer diretamente devido à cobertura do falso ego, que é ele mesmo iluminado pela consciên­cia da alma pura.

SIGNIFICADOA analogia fornecida aqui é excelente. Durante a estação das chuvas, não podemos ver a Lua no céu, porque a Lua está coberta pelas nuvens. Essas nuvens, porém, mostram-se radiantes com o fulgor dos próprios raios da Lua. Do mesmo modo, em nossa existência mate­rial, condicionada, não podemos perceber diretamente a alma, porque nossa consciência está coberta pelo falso ego, que é a identificação falsa com o mundo material e com o corpo material. Todavia, é a própria consciência da alma que ilumina o falso ego.

Como descreve a Gītā, a energia da alma é a consciência, e quando essa consciência se manifesta através do véu do falso ego, ela aparece como uma consciência material opaca, em que não há visão direta da alma nem de Deus. No mundo material, até mesmo eminentes filósofos acabam recorrendo a ambiguidades nebulosas quando falam sobre a Verdade Absoluta, assim como o céu nublado manifesta apenas opaca e indiretamente a luz iridescente da Lua.

Na vida material, nosso falso ego muitas vezes é entusiástico, es­perançoso e aparentemente cônscio de vários assuntos materiais, e tal consciência nos incentiva a continuar na existência material. Na verdade, entretanto, estamos apenas experimentando o reflexo opaco de nossa consciência pura e original, que é a consciência de Kṛṣṇa – a percep­ção direta da alma e de Deus. Não compreendendo que o falso ego meramente atrapalha e embota nossa consciência espiritual real, que é cem por cento iluminada e bem-aventurada, pensamos por engano que a consciência material é plena de conhecimento e felicidade. Isso é comparável a pensar que as nuvens luminosas iluminam o céu no­turno, enquanto de fato é o luar que ilumina o céu, e as nuvens só embotam e impedem o luar. As nuvens parecem luminosas porque estão filtrando e impedindo os brilhantes raios da Lua. Assim tam­bém, às vezes a consciência material parece agradável ou iluminada porque está velando ou filtrando a consciência original, bem-aventu­rada e iluminada que vem diretamente da alma. Se pudermos com­preender a singela analogia dada neste verso, poderemos facilmente avançar em consciência de Kṛṣṇa.

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