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VERSO 14

asti ced īśvaraḥ kaścit
phala-rūpy anya-karmaṇām
kartāraṁ bhajate so ’pi
na hy akartuḥ prabhur hi saḥ

asti — houver; cet — se, por hipótese; īśvaraḥ — um controlador supremo; kaścit — alguém; phala-rūpī — que sirva para conceder resultados fruitivos; anya-karmaṇām — das atividades de outras pessoas; kartāram — o executor da atividade; bhajate — depende de; saḥ — Ele; api — mesmo; na — não; hi — afinal; akartuḥ — de quem não executa atividade alguma; prabhuḥ — o mestre; hi — decerto; saḥ — Ele.

Mesmo que exista algum controlador supremo que conceda ao mundo inteiro os resultados de suas atividades, Ele também deve depender de um executante que se ocupe em atividades. Afinal, fica afastada qualquer hipótese de haver um outorgador dos re­sultados fruitivos a não ser que de fato se executem atividades fruitivas.

SIGNIFICADONesta passagem, o Senhor Kṛṣṇa argumenta que, se há um contro­lador supremo, Ele deve depender de um executor de atividade ao qual corresponder e, portanto, também deve estar sujeito às leis do karma, sendo obrigado a conceder felicidade e sofrimento às almas condicionadas segundo as leis do bem e do mal.

Este argumento superficial despreza o ponto óbvio de que as leis da natureza que prescrevem os bons e maus resultados dos atos pie­dosos ou ímpios são elas próprias criações do boníssimo Senhor Su­premo. Por ser o criador e sustentador dessas leis, o Senhor não está sujeito a elas. Além disso, o Senhor não depende das atividades das almas condicionadas, já que Ele é satisfeito e completo dentro de Si mesmo. Devido a Sua natureza todo-misericordiosa, Ele concede os resultados apropriados a nossas atividades. Aquilo que chamamos de destino, sorte ou karma não passa de um sistema elaborado e sutil de recompensas e castigos com o fim de incentivar gradualmente as almas condicionadas a evoluírem até o nível de consciência perfeita, que é sua natureza constitucional original.

A Suprema Personalidade de Deus formulou e aplicou com tama­nha destreza as leis da natureza material que governam o castigo e a recompensa pelo comportamento humano, que o ser vivo é desesti­mulado de pecar e estimulado a agir piamente sem sofrer nenhuma interferência significativa em seu livre-arbítrio como alma eterna.

Em contraste com a natureza material, o Senhor exibe Sua natu­reza essencial no mundo espiritual, onde Ele corresponde ao amor eterno de Seus devotos puros. Tais aventuras amorosas fundamentam­-se por completo na liberdade mútua do Senhor e de Seus devotos, e não em uma reciprocidade mecânica de interesses egoístas coinciden­tes. O Senhor Supremo, auxiliado por Seus devotos puros, oferece às almas condicionadas deste mundo repetidas oportunidades para que elas abandonem sua bizarra tentativa de explorar o universo material e voltem ao lar, voltem ao Supremo, onde desfrutarão uma vida eter­na de bem-aventurança e conhecimento. Considerando todos estes pontos, os argumentos ateístas aqui apresentados com palavras joco­sas pelo Senhor Kṛṣṇa não devem ser levados a sério.

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