VERSO 37
śrīr yat padāmbuja-rajaś cakame tulasyā
labdhvāpi vakṣasi padaṁ kila bhṛtya-juṣṭam
yasyāḥ sva-vīkṣaṇa utānya-sura-prayāsas
tadvad vayaṁ ca tava pāda-rajaḥ prapannāḥ
śrīḥ — a deusa da fortuna, esposa do Senhor Nārāyaṇa; yat — como; pada-ambuja — dos pés de lótus; rajaḥ — a poeira; cakame — desejada; tulasyā junto com Tulasī-devī; labdhvā — tendo obtido; api — mesmo; vakṣasi — sobre Seu peito; padam — sua posição; kila — de fato; bhṛtya — pelos servos; juṣṭam — servido; yasyāḥ — cujo (de Lakṣmī); sva — sobre si mesmos; vīkṣaṇe — por causa do olhar; uta — por outro lado; anya — do outro; sura — semideuses; prayāsaḥ — o esforço; tadvat — do mesmo modo; vayam — nós; ca — também; tava — Teus; pāda — dos pés; rajaḥ — a poeira; prapannāḥ — aproximamo-nos em busca de abrigo.
A deusa Lakṣmī, cujo olhar os semideuses se esforçam muito por obter, alcançou a posição única de permanecer sempre no peito do seu Senhor, Nārāyaṇa. Ainda assim, ela deseja a poeira dos pés de lótus dEle, embora tenha de compartilhá-la com Tulasī-devī e, em verdade, com os muitos outros servos do Senhor. De igual modo, nós nos aproximamos da poeira de Teus pés de lótus em busca de abrigo.
SIGNIFICADO—Nesta passagem, as gopīs salientam que a poeira dos pés do Senhor é tão extática e avivadora que a deusa da fortuna quer abandonar a posição incomparável que ocupa em Seu peito para compartilhar com muitos outros devotos uma posição a Seus pés. Assim, as gopīs insistem com o Senhor Kṛṣṇa para que Ele não Se torne culpado de usar dois pesos e duas medidas. Visto que o Senhor concedeu à deusa da fortuna um lugar em Seu peito e também lhe permitiu que buscasse a poeira de Seus pés de lótus, Kṛṣṇa com certeza deveria dar a mesma oportunidade a Suas devotas mais amorosas, as gopīs. “Afinal”, argumentam as gopīs, “é perfeitamente justificável buscar a poeira de Teus pés de lótus, e deves incentivar-nos neste esforço e não tentar mandar-nos embora.”