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VERSO 2

gatyānurāga-smita-vibhramekṣitair
mano-ramālāpa-vihāra-vibhramaiḥ
ākṣipta-cittāḥ pramadā ramā-pates
tās tā viceṣṭā jagṛhus tad-ātmikāḥ

gatyā — por Seus movimentos; anurāga — afetuosos; smita — sorrisos; vibhrama — brincalhões; īkṣitaiḥ — e olhares; manaḥ-rama — encantadora; ālāpa — por Sua conversa; vihāra — brincadeira; vibhramaiḥ — e outras seduções; ākṣipta — arrebatados; cittāḥ — cujos corações; prama­dāḥ — as mocinhas; ramā-pateḥ — do esposo de Ramā, a deusa da for­tuna, ou do senhor da beleza e opulência; tāḥ tāḥ — cada uma delas; viceṣṭāḥ — atividades maravilhosas; jagṛhuḥ — encenaram; tat-ātmi­kāḥ — absortas nEle.

Em virtude da lembrança do Senhor Kṛṣṇa, os corações das vaqueirinhas foram arrebatados por Seus movimentos e sorrisos amorosos, por Seus olhares brincalhões e conversas encantado­ras e pelos muitos outros passatempos que Ele desfrutava com elas. Absortas assim em pensar em Kṛṣṇa, o Senhor de Ramā, as gopīs começaram a encenar Seus vários passatempos transcendentais.

SIGNIFICADO—Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura descreve o seguinte encanta­dor diálogo entre Kṛṣṇa e as gopīs:

“Kṛṣṇa disse a uma gopī: ‘Meu querido lírio da terra, vais ofere­cer teu mel a este zangão muito sedento ou não?’

“A gopī respondeu: ‘Meu querido zangão, o esposo dos lírios é o Sol, e não o zangão, então por que estás reivindicando que meu mel Te pertence?’

“‘Mas, Meu querido lírio, a verdadeira natureza dos lírios é que eles não dão seu mel para seu esposo, o Sol, mas sim para seu aman­te, o zangão.’ A gopī, derrotada por essas palavras, riu e, então, ofe­receu seus lábios como mel para Kṛṣṇa beber.”

Śrīla Viśvanātha Cakravartī também descreve a seguinte conversa:

“Kṛṣṇa disse a uma gopī: ‘Ah! Posso compreender que, ao te apro­ximares desta árvore nīpa que aqui está, foste picada por uma cobra audaciosa. Seu veneno já alcançou teu peito, mas, como és uma don­zela respeitável, não Me pediste para curar-Te. Mesmo assim, sendo misericordioso por natureza, Eu vim até aqui. Agora, enquanto massageio teu corpo com Minhas mãos, cantarei um mantra para neutra­lizar o veneno da serpente.’

“A gopī disse: ‘Mas, meu caro encantador de serpentes, nenhuma cobra me picou. Vai massagear o corpo de alguma mocinha que de fato foi picada por uma cobra.’

“‘Vamos, Minha cara mocinha respeitável. Por tua voz trêmula, posso perceber que estás experimentando a reação febril do envenenamento. Sabendo disso, se Eu não cuidar de ti, serei culpado da morte de uma mulher inocente. Então, deixa-Me tratar de ti.’

“Kṛṣṇa, então, arranhou de brincadeira o peito da gopī.”

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