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VERSO 1

śrī-śuka uvāca
bahir-antaḥ-pura-dvāraḥ
sarvāḥ pūrvavad āvṛtāḥ
tato bāla-dhvaniṁ śrutvā
gṛha-pālāḥ samutthitāḥ

śrī-śukaḥ uvāca — Śrī Śukadeva Gosvārm disse; bahiḥ-antaḥ-pura­-dvāraḥ — as portas dentro e fora da casa; sarvāḥ — todas; pūrva-vat — como antes; āvṛtāḥ — fechadas; tataḥ — em seguida; bāla-dhvanim — o choro da criança recém-nascida; śrutvā — ouvindo; gṛha-pālāḥ — todos os habitantes da casa, especialmente os porteiros; samutthitāḥ — despertaram.

Śukadeva Gosvāmī prosseguiu: Meu querido rei Parīkṣit, as portas dentro e fora da casa ficaram fechadas como antes. Em seguida, os habitantes da casa, especialmente os vigias, ouviram o choro da criança recém-nascida e, por isso, despertaram em seus leitos.

SIGNIFICADO—As atividades de Yogamāyā são distintamente visíveis neste capítu­lo, no qual Devakī e Vasudeva perdoam as muitas atividades deso­nestas e atrozes cometidas por Kaṁsa, e Kaṁsa arrepende-se e cai aos pés deles. Antes do despertar dos porteiros e de outros na casa onde ficava a prisão, muitos outros fenômenos aconteceram. Kṛṣṇa nasceu e foi transferido ao lar de Yaśodā, em Gokula; as fortes portas abriram-se e voltaram a fechar-se, e Vasudeva reassumiu sua condição anterior, ficando algemado. Os vigias, entretanto, não pu­deram compreender nada disso. Eles só despertaram quando ouviram o choro de Yogamāyā, a criança recém-nascida.

Śrīla Viśvanātha Cakravartī Ṭhākura enfatiza que os vigias eram como cães. À noite, os cães da rua agem como vigias. Se um cão late, muitos outros cães imediatamente imitam-no e latem. Embora não sejam por ninguém designados para agirem como vigias, os cães de rua pensam que são responsáveis pela proteção da vizinhança, e logo que por ali aparece algum desconhecido, todos eles começam a latir. Tanto Yogamāyā quanto Mahāmāyā atuam em todas as ati­vidades materiais (prakṛteḥ kriyamāṇāni guṇaiḥ karmāṇi sarvaśaḥ), mas, embora a energia da Suprema Personalidade de Deus aja sob a direção do Senhor Supremo (mayādhyakṣeṇa prakṛtiḥ sūyate sa-carācaram), os vigilantes que tanto parecem cães, tais como os políticos e os diplomatas, pensam que estão protegendo sua vizinhan­ça dos perigos do mundo exterior. Essas são as ações de māyā. Alguém que se rende a Kṛṣṇa, entretanto, livra-se da proteção concedida pelos cães e sentinelas deste mundo material, os quais agem como cães.

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