VERSO 14
tayābhihitam ākarṇya
kaṁsaḥ parama-vismitaḥ
devakīṁ vasudevaṁ ca
vimucya praśrito ’bravīt
tayā — pela deusa Durgā; abhihitam — as palavras faladas; ākarṇya — ouvindo; kaṁsaḥ — Kaṁsa; parama-vismitaḥ — ficou espantado; devakīm — a Devakī; vasudevam ca — e Vasudeva; vimucya — libertando imediatamente; praśritaḥ — com grande humildade; abravīt — falou o seguinte.
Após ouvir as palavras da deusa Durgā, Kaṁsa ficou espantado. Assim, aproximou-se de sua irmã Devakī e de seu cunhado Vasudeva, libertou-os imediatamente de suas algemas, e muito humildemente falou o seguinte.
SIGNIFICADO—Kaṁsa estava atônito com o fato de a deusa Durgā ter-se tornado filha de Devakī. Uma vez que Devakī era um ser humano, como a deusa Durgā poderia tornar-se sua filha? Esse era um dos motivos de seu espanto. E como é que o oitavo bebê de Devakī era uma menina? Isso também o deixou atônito. De um modo geral, os asuras são devotos da mãe Durgā, Śakti, ou dos semideuses, especialmente do senhor Śiva. O aparecimento de Durgā em seu aspecto original de oito braços, portando várias armas, imediatamente fez Kaṁsa reconsiderar se Devakī era um ser humano comum. Devakī devia ter algumas qualidades transcendentais; caso contrário, por que a deusa Durgā nasceria de seu ventre? Nessas circunstâncias, Kaṁsa, atônito, queria reparar as atrocidades que cometera contra sua irmã Devakī.