VERSOS 35-36
sarvaṁ nara-vara-śreṣṭhau
sarva-vidyā-pravartakau
sakṛn nigada-mātreṇa
tau sañjagṛhatur nṛpa
aho-rātraiś catuḥ-ṣaṣṭyā
saṁyattau tāvatīḥ kalāḥ
guru-dakṣiṇayācāryaṁ
chandayām āsatur nṛpa
sarvam — tudo; nara-vara — dos homens de primeira classe; śreṣṭhau — os melhores; sarva — de todos; vidyā — os ramos de conhecimento; pravartakau — os iniciadores; sakṛt — uma vez; nigada — sendo relatados; matreṇa — apenas; tau — Eles; sañjagṛhatuḥ — assimilaram por completo; nṛpa — ó rei (Parīkṣit); ahaḥ — em dias; rātraiḥ — e noites; catuḥ-ṣaṣṭyā — sessenta e quatro; saṁyattau — fixos em concentração; tāvatīḥ — tantas; kalāḥ — artes; guru-dakṣiṇayā — com o presente tradicional ao mestre espiritual antes de deixá-lo; ācāryam — Seu mestre; chandayām āsatuḥ — satisfizeram; nṛpa — ó rei.
Ó rei, aquelas excelentíssimas pessoas, Kṛṣṇa e Balarāma, sendo Eles mesmos os promulgadores originais de todas as variedades de conhecimento, puderam assimilar de imediato toda e qualquer matéria depois de ouvi-la ser explicada apenas uma vez. Assim, com concentração fixa, Eles aprenderam as sessenta e quatro artes e ofícios durante o mesmo número de dias e noites. Depois, ó rei, Eles satisfizeram Seu mestre espiritual oferecendo-lhe guru-dakṣiṇā.
SIGNIFICADO—A seguinte lista compreende as sessenta e quatro matérias aprendidas pelo Senhor Kṛṣṇa e o Senhor Balarāma em sessenta e quatro dias. Informações adicionais podem ser encontradas na obra Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus, de Śrīla Prabhupāda.
Os Senhores aprenderam a: (1) gītam, cantar; (2) vādyam, tocar instrumentos musicais; (3) nṛtyam, dançar; (4) nāṭyam, encenar; (5) ālekhyam, pintar; (6) viśeṣaka-cchedyam, pintar o rosto e o corpo com unguentos e cosméticos coloridos; (7) taṇḍula-kusuma-bali-vikārāḥ, preparar desenhos auspiciosos no chão com arroz e flores; (8) puṣpāstaraṇam, fazer um leito de flores; (9) daśana-vasanāṅga-rāgāḥ, colorir as roupas, dentes e membros do corpo; (10) maṇi-bhūmikā-karma, incrustar joias no assoalho; (11) śayyā-racanam, arrumar a cama; (12) udaka-vādyam, reproduzir sons em cântaros com água; (13) udaka-ghātaḥ, borrifar com água; (14) citra-yogāḥ, misturar cores; (15) mālya-grathana-vikalpāḥ, preparar guirlandas; (16) śekharāpīḍa-yojanam, colocar um elmo na cabeça; (17) nepathya-yogāḥ, vestir trajes em um camarim; (18) karṇa-patra-bhaṅgāḥ, enfeitar o lóbulo da orelha; (19) sugandha-yuktiḥ, aplicar perfumes; (20) bhūṣaṇa-yojanam, decorar com joias; (21) aindrajālam, fazer malabarismo; (22) kaucumāra-yogaḥ, praticar a arte do disfarce; (23) hasta-lāghavam, fazer prestidigitações; (24) citra-śākāpūpa-bhakṣya-vikāra-kriyaḥ, preparar variedades de salada, pão, bolo e outras comidas deliciosas; (25) pānaka-rasa-rāgāsava-yojanam, preparar bebidas saborosas e tingir as bebidas com cor vermelha; (26) sūcī-vāya-karma, bordar e tecer; (27) sūtra-krīḍā, fazer marionetes dançarem através da manipulação de fios finos; (28) vīṇā-ḍamarukavādyāni, tocar alaúde e um tamborzinho em forma de xis; (29) prahelikā, elaborar e resolver enigmas; (29a) pratimālā, recitação alternada de versos, ou recitar verso por verso de um poema como exercício de memória ou habilidade; (30) durvacaka-yogāḥ, fazer perguntas difíceis de responder; (31) pustaka-vācanam, recitar livros, e (32) nāṭikākhyāyikā-darśanam, representar peças curtas e escrever anedotas.
Kṛṣṇa e Balarāma também aprenderam a: (33) kāvya-samasyā-pūraṇam, decifrar versos enigmáticos; (34) paṭṭikā-vetra-bāṇa-vikalpāḥ, fazer um arco a partir de um pedaço de tecido e uma vara; (35) tarku-karma, fiar com um fuso; (36) takṣaṇam, exercer o ofício de carpinteiro; (37) vāstu-vidyā, arquitetar; (38) raupya-ratna-parīkṣā, testar prata e joias; (39) dhātu-vādaḥ, trabalhar com metais; (40) maṇi-rāga-jñānam, tingir joias com várias cores; (41) ākara-jñānam, extrair minerais; (42) vṛkṣāyur-veda-yogāḥ, aplicar ervas medicinais; (43) meṣa-kukkuṭalāvaka-yuddha-vidhiḥ, treinar e ocupar carneiros, galos e codornizes em lutar; (44) śuka-śārikā-pralāpanam, saber treinar papagaios machos e fêmeas para falar e responder a perguntas de seres humanos; (45) utsādanam, curar uma pessoa com unguentos; (46) keśa-mārjana-kauśalam, fazer penteados; (47) akṣara-muṣṭikā-kathanam, dizer o que está escrito em um livro sem vê-lo e dizer o que está escondido na mão de alguém; (48) mlecchita-kutarka-vikalpāḥ, criar sofismas bárbaros ou estrangeiros; (49) deśa-bhāṣā-jñānam, conhecer dialetos provinciais; (50) puṣpa-śakaṭikā-nirmiti-jñānam, saber construir carrinhos de brinquedo com flores; (51) yantra-mātṛkā, compor quadrados mágicos, arranjos de números que somem o mesmo total em todas as direções; (52) dhāraṇa-mātṛkā, fazer uso de amuletos; (53) saṁvācyam, palestrar; (54) mānasī-kāvya-kriyā, compor versos mentalmente; (55) kriyā-vikalpāḥ, idealizar uma obra literária ou um remédio; (56) chalitaka-yogāḥ, construir santuários; (57) abhidhāna-koṣa-cchando-jñānam, lexicografar e conhecer métricas poéticas; (58) vastra-gopanam, disfarçar uma espécie de tecido para parecer outra; (59) dyūta-viśeṣam, conhecer várias formas de jogos de azar; (60) ākarṣa-krīḍa, jogar dados; (61) bālaka-krīḍanakam, divertir-se com brinquedos de crianças; (62) vaināyikī vidyā, impor disciplina mediante o poder místico; (63) vaijayikī vidyā, conquistar a vitória, e (64) vaitālikī vidyā, despertar o mestre com música ao amanhecer.