VERSO 13
sakṛd adhara-sudhāṁ svāṁ mohinīṁ pāyayitvā
sumanasa iva sadyas tatyaje ’smān bhavādṛk
paricarati kathaṁ tat-pāda-padmaṁ nu padmā
hy api bata hṛta-cetā hy uttamaḥ-śloka-jalpaiḥ
sakṛt — uma vez; adhara — dos lábios; sudhām — o néctar; svām — Seu próprio; mohinīm — atordoante; pāyayitvā — fazendo beber; sumanasaḥ — flores; iva — como; sadyaḥ — de repente; tatyaje — Ele abandonou; asmān — a nós; bhavādṛk — como tu; paricarati — serve; katham — por que; tat — dEle; pāda-padmam — pés de lótus; nu — gostaria de saber; padmā — Lakṣmī, a deusa da fortuna; hi api — de fato, porque; bata — ai!; hṛta — arrebatada; cetāḥ — sua mente; hi — decerto; uttamaḥ-śloka — de Kṛṣṇa; jalpaiḥ — pela fala falsa.
Após fazer-nos beber o encantador néctar de Seus lábios uma única vez, Kṛṣṇa de repente nos abandonou, assim como tu podes abandonar logo algumas flores. Como é, então, que a Deusa Padmā serve de boa vontade a Seus pés de lótus? Ai! A resposta decerto deve ser que a mente dela foi arrebatada pelas enganadoras palavras dEle.
SIGNIFICADO—Neste verso, Śrīmatī Rādhārāṇī continua a comparar Śrī Kṛṣṇa ao abelhão e, em Sua aflição, Ela diz que a razão por que a deusa da fortuna está sempre devotada a Seus pés de lótus deve ser que ela foi enganada pelas promessas de Kṛṣṇa. Segundo Śrīla Viśvanātha Cakravartī, esta afirmação de Śrīmatī Rādhārāṇī ilustra parijalpa, como se descreve no Śrī Ujjvala-nīlamaṇi (14.184):
prabhor nidayatā-śāṭhya-
cāpalyādy-upapādanāt
sva-vicakṣaṇatā-vyaktir
bhaṅgyā syāt parijalpitam
“Parijalpa é aquele discurso que, através de vários artifícios, mostra a esperteza do orador ao mesmo tempo que expõe a falta de misericórdia, duplicidade, não-confiabilidade etc. do seu Senhor.”