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VERSO 18

yad-anucarita-līlā-karṇa-pīyūṣa-vipruṭ-
sakṛd-adana-vidhūta-dvandva-dharmā vinaṣṭāḥ
sapadi gṛha-kuṭumbaṁ dīnam utsṛjya dīnā
bahava iha vihaṅgā bhikṣu-caryāṁ caranti

yat — cujas; anucarita — atividades praticadas constantemente; līlā — de tais passatempos; kara — para os ouvidos; pīyūa — do néctar; vidhūta — de uma gota; sakt — só uma vez; adana — pela participação; vidhūta — totalmente retiradas; dvandva — da dualidade; dharmā — suas propensões; vinaṣṭā — arruinadas; sapadi — de imediato; gha — seus lares; kuumbam — e famílias; dīnam — deploráveis; utsjya — rejeitando; dīnā — tornando-se elas mesmas deploráveis; bahava — muitas pessoas; iha — aqui (em Vṛndāvana); viha — (como) aves; bhiku — por meio da mendicância; caryām — a subsistência; caran­ti — buscam.

Ouvir sobre os passatempos que Kṛṣṇa realiza regularmente é néctar para os ouvidos. Para aqueles que saboreiam uma mera gota deste néctar, mesmo uma só vez, arruína-se sua dedicação à dualidade material. Muitas pessoas assim abandonaram de repen­te seus lares e pobres famílias e, tornando-se elas mesmas pobres, viajaram para cá, Vṛndāvana, para vaguear feito aves, vivendo à custa de mendicância.

SIGNIFICADO—A dualidade material baseia-se no pensamento falso de “Isto é meu, e aquilo é teu”, ou “Este é nosso país, e aquele é o vosso”, ou “Esta é minha família, e aquela é a tua”, e assim por diante. De fato, existe uma única Verdade Absoluta, na qual todos nós existimos e à qual tudo pertence. Sua beleza e Seu prazer também são absolutos e infinitos, e, se alguém ouve verdadeiramente sobre essa Verdade Absoluta, chamada Kṛṣṇa, arruína-se sua dedicação à ilusão da dualidade mundana.

Segundo os ācāryas, e sem dúvida de acordo com a gramática sânscrita, as duas últimas palavras da segunda linha deste verso podem dividir-se também como dharma-avinaṣṭā. Então, toda a linha torna-­se parte de um único composto, cujo sentido é que ouvir sobre Kṛṣṇa purifica a pessoa da dualidade irreligiosa e, assim, ela não é vencida (avinaṣṭa) pela ilusão material. Então, concede-se à palavra dīnā a leitura alternativa dhīrā, que significa que a pessoa se torna espiritualmente sóbria e, desta maneira, abandona o apego aos efêmeros relacionamentos materiais. Nesse caso, a palavra viha, “aves”, faria referência aos cisnes, o símbolo da discriminação essencial.

Śrīla Viśvanātha Cakravartī cita a seguinte passagem de Rūpa Go­svāmī a respeito deste verso:

bhaṅgyā tyāgaucitī tasya
khagānām api khedanāt
yatra sānuśayaṁ proktā
tad bhaved abhijalpitam

“Quando uma amante indiretamente diz com remorso que seu amado merece ser abandonado, tal discurso, expresso como o canto choroso de um pássaro, chama-se abhijalpa.” (Ujjvala-nīlamai 14.194)

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