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VERSO 20

priya-sakha punar āgāḥ preyasā preṣitaḥ kiṁ
varaya kim anurundhe mānanīyo ’si me ’ṅga
nayasi katham ihāsmān dustyaja-dvandva-pārśvaṁ
satatam urasi saumya śrīr vadhūḥ sākam āste

priya — de Meu amado; sakha — ó amigo; puna — de novo; āgā­ — vieste; preyasā — por Meu amado; preita — enviado; kim — acaso; varaya — por favor, escolhe; kim — se; anurundhe — desejas; mānanīya — ser honrado; asi — deves; me — por Mim; aga — Meu querido; nayasi — estás levando; katham — por que; iha — aqui; asmān — a nós; dustyaja — impossível abandonar; dvandva — a relação conjugal com quem; pārśvam — ao lado; satatam — sempre; urasi — no peito; saumya — ó gentil; śrī — a deusa da fortuna; vadhū — Sua consorte; sākam — com Ele; āste — está presente.    

Ó amigo de Meu amado, será que Ele te enviou aqui mais uma vez? Visto que devo honrar-te, ó amigo, escolhe, por favor, qualquer dádiva que desejas. Mas por que voltaste para cá a fim de levar-nos até Ele, cujo amor conjugal é tão difícil de abandonar? Afinal, gentil abelhão, a consorte dEle é a deusa Śrī, e esta vive com Ele em Seu peito.

SIGNIFICADO—Em Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus, Śrīla Prabhupāda explica o contexto deste verso: “Enquanto Rādhārāṇī conversava com a abelha, que voava de um lado para outro, esta de repente de­sapareceu de Sua vista. Ela estava imersa em pesar devido à saudade de Kṛṣṇa e sentia êxtase ao falar com a abelha. Mas logo que a abe­lha sumiu, Ela quase enlouqueceu, pensando que a abelha mensagei­ra havia voltado para informar a Kṛṣṇa tudo o que Ela dissera contra Ele. ‘Kṛṣṇa deve estar muito desgostoso depois de ouvir isto’, pensou Ela. Dessa maneira, ficou dominada por outra espécie de êxtase.”

Śrīla Prabhupāda continua: “Neste ínterim, a abelha, voando daqui para ali, reapareceu diante dEla. Então, Ela pensou: ‘Kṛṣṇa ainda é bondoso coMigo. Apesar de o mensageiro levar palavras mortificantes, Ele é tão bondoso que tornou a enviar a abelha para levar-Me até Ele.’ Desta vez, Śrīmatī Rādhārāṇī tomou muito cuidado para não dizer nada contra Kṛṣṇa.”

Śrīla Viśvanātha Cakravartī explica que a deusa da fortuna, Śrī, tem o poder de assumir muitas formas diferentes. Assim, quando Kṛṣṇa desfruta de outras mulheres, ela permanece em Seu peito sob a forma de uma linha dourada. Quando Ele não está em companhia de outras mulheres, ela abandona essa forma e Lhe dá prazer em Sua forma naturalmente bela de uma jovem.

Segundo Śrīla Viśvanātha Cakravartī, esta afirmação de Śrīmatī Rādhārāṇī expressa pratijalpa, como descreve Śrīla Rūpa Gosvāmī:

dustyaja-dvandva-bhāve ’smin
prāptir nārhety anuddhatam
dūta-sammānanenoktaṁ
yatra sa pratijalpakaḥ

“Quando a amante humildemente diz que, embora seja indigna de alcançar seu amado, não pode perder a esperança de ter uma relação conjugal com Ele, tais palavras, ditas com respeito pela mensagem do amado, chamam-se pratijalpa.” (Ujjvala-nīlamai 14.198)

Aqui, Śrīmatī Rādhārāṇī abandonou Seus sentimentos hostis e reconheceu humildemente a grandeza de Śrī Kṛṣṇa.

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