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VERSO 29

śrī-bhagavān uvāca
bhavatīnāṁ viyogo me
na hi sarvātmanā kvacit
yathā bhūtāni bhūteṣu
khaṁ vāyv-agnir jalaṁ mahī
tathāhaṁ ca manaḥ-prāṇa-
bhūtendriya-guṇāśrayaḥ

śrī-bhagavān uvāca — o Senhor Supremo disse; bhavatīnām — de vós, mulheres; viyoga — separação; me — de Mim; na — não há; hi — de fato; sarva-ātmanā — da Alma de toda a existência; kvacit — jamais; yathā — assim como; bhūtāni — os elementos físicos; bhūteu — em todos os seres criados; kham — éter; vāyu-agni — ar e fogo; jalam — água; mahī — terra; tathā — da mesma forma; aham — Eu; ca — e; mana— da mente; prāa — ar vital; bhūta — elementos materiais; in­driya — sentidos corpóreos; gua — e dos modos primordiais da natu­reza; āśraya — presente como o abrigo deles.

O Senhor Supremo disse: Vós nunca estais de fato separadas de Mim, pois sou a Alma de toda a criação. Assim como os elementos da natureza — éter, ar, fogo, água e terra — estão presentes em tudo o que é criado, da mesma forma estou presen­te dentro da mente, do ar vital e dos sentidos de todos, e também dentro dos elementos físicos e dos modos da natureza material.

SIGNIFICADO—De acordo com Śrīla Jīva Gosvāmī e Śrīla Viśvanātha Cakravartī, a linguagem de aparência filosófica usada na afirmação do Senhor oculta um sentido mais profundo. O Senhor Supremo estava secreta­mente dizendo às gopīs que Ele, como forma de corresponder a seu amor especial, estava presente junto a elas, não só como a Alma de toda a criação, mas também como seu amante especial. Nesse sentido do verso, a palavra gua indica as qualidades divinas e especiais das gopīs, que atraíam Śrī Kṛṣṇa, e a palavra sarvātmanā, que traduzi­mos aqui com referência ao próprio Senhor Kṛṣṇa (correspondente à palavra me, que também está no caso instrumental), também se pode entender no sentido de sarvathā, ou “completamente”. Em outras palavras, embora o Senhor Kṛṣṇa estivesse ausente em certo sentido, Ele jamais poderia ausentar-Se por completo, visto que, em Sua forma espiritual, Ele está sempre no coração e na mente das gopīs.

Em Kṛṣṇa, a Suprema Personalidade de Deus e em outros livros, Śrīla Prabhupāda explicou em detalhes que a razão por que o Senhor Kṛṣṇa Se separou das gopīs foi para intensificar-lhes o amor por Ele e, como Uddhava assinalou, para abençoar outros devotos revelando­-lhes a intensidade do amor das gopīs. De fato, o Senhor estava espiritualmente presente junto às gopīs, pois estas são Suas companheiras eternas.

Śrīla Viśvanātha Cakravartī ressalta ainda que pessoas tolas concluirão que o uso de linguagem filosófica por parte de Śrī Kṛṣṇa significava que o Senhor, ao explicar pontos básicos da filosofia consciente de Kṛṣṇa, estava tentando levar as gopīs até o ponto da liberação. Em verdade, as gopīs são as mais elevadas almas liberadas, e seus passatempos com Śrī Kṛṣṇa devem ser entendidos com a ajuda dos ācāryas autorizados. Quando as gopīs vieram para a dança da rāsa, Śrī Kṛṣṇa tentou pregar-lhes karma-yoga, enfatizando a ética e moralidade ordinárias, mas as gopīs estavam para além disso. De modo semelhante, agora o Senhor Kṛṣṇa lhes oferece jñāna-yoga, ou filo­sofia metafísica, mas isso também é inadequado para as gopīs, que alcançaram amor espontâneo e imaculado por Śrī Kṛṣṇa.

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