VERSO 11
durārdhyaṁ samārādhya
viṣṇuṁ sarveśvareśvaram
yo vṛṇīte mano-grāhyam
asattvāt kumanīṣy asau
durārādhyam — raramente adorado; samārādhya — adorando plenamente; viṣṇum — ao Senhor Viṣṇu; sarva — de todos; īśvara — os controladores; īśvaram — o controlador supremo; yaḥ — que; vṛṇīte — escolhe como bênção; manaḥ — à mente; grāhyam — aquilo que é acessível, isto é, o gozo dos sentidos; asattvāt — por causa de sua insignificância; kumanīṣī — ininteligente; asau — aquela pessoa.
O Senhor Viṣṇu, o Senhor Supremo de todos os senhores, é, em geral, difícil de alcançar. Quem O adora de modo conveniente e depois escolhe a bênção do gozo mundano dos sentidos é, sem dúvida, possuidor de uma pobre inteligência, pois se satisfaz com um resultado insignificante.
SIGNIFICADO—Os comentários dos ācāryas deixam claro que a história de Trivakrā deve ser entendida em dois níveis. Por um lado, entende-se que ela é uma alma liberada, companheira direta do Senhor e participante de Seus passatempos. Por outro lado, sua conduta tem a nítida finalidade de ensinar uma lição sobre o que não se deve fazer com relação ao Senhor Kṛṣṇa. Visto que todos os passatempos do Senhor são não apenas bem-aventurados, mas também didáticos, não há nenhuma verdadeira contradição neste passatempo, pois a pureza de Trivakrā e seu mau exemplo acontecem em dois níveis distintos. Arjuna, da mesma forma, é considerado um devoto puro, mas, por sua desobediência inicial à instrução de Kṛṣṇa de que lutasse, ele também mostrou um exemplo do que não se deve fazer. Tais “maus exemplos”, contudo, têm sempre um final feliz na bem-aventurada associação com a Verdade Absoluta, Śrī Kṛṣṇa.