VERSO 26
kaḥ paṇḍitas tvad aparaṁ śaraṇaṁ samīyād
bhakta-priyād ṛta-giraḥ suhṛdaḥ kṛta-jñāt
sarvān dadāti suhṛdo bhajato ’bhikāmān
ātmānam apy upacayāpacayau na yasya
kaḥ — que; paṇḍitaḥ — erudito; tvat — senão a Vós; aparam — a outro; śaraṇam — em busca de refúgio; samīyāt — iria; bhakta — a Vossos devotos; priyāt — afetuoso; na — sempre verdadeiras; giraḥ — cujas palavras; suhṛdaḥ — o benquerente; kṛta-jñāt — grato; sarvān — todos; dadāti — dais; suhṛdaḥ — a Vossos devotos benquerentes; bhajataḥ — que se ocupam em Vos adorar; abhikāmān — desejos; ātmānam — Vós mesmo; api — até; upacayau — aumento; apacayau — ou diminuição; na — nunca; yasya — de quem.
Que pessoa erudita se aproximaria de alguém que não Vós em busca de refúgio, visto que sois o afetuoso, grato e verdadeiro benquerente de Vossos devotos? Àqueles que Vos adoram com amizade sincera, outorgais tudo o que eles desejam, até a Vós mesmo, apesar do que nunca aumentais nem diminuís.
SIGNIFICADO—Este verso descreve tanto o Senhor quanto Seus devotos como suhṛdaḥ, “benquerentes”. O Senhor é o benquerente de Seu devoto, e o devoto amorosamente deseja toda a felicidade para o Senhor. Mesmo neste mundo, um excesso de amor pode às vezes gerar uma solicitude desnecessária. Por exemplo, muitas vezes observamos que a preocupação amorosa de uma mãe por seu filho adulto nem sempre se justifica por um perigo real para o filho. O filho adulto pode ser rico, competente e saudável, e, mesmo assim, o cuidado amoroso da mãe continua. De forma semelhante, o devoto puro sempre sente uma preocupação amorosa pelo Senhor Kṛṣṇa, como o exemplifica mãe Yaśodā, que só conseguia pensar em Kṛṣṇa como seu belo filho.
O Senhor Kṛṣṇa prometera a Akrūra que, após matar Kaṁsa, visitaria sua casa, e agora o Senhor cumpriu Sua promessa. Akrūra reconhece isso e glorifica o Senhor como ṛta-giraḥ, “aquele que é fiel à Sua palavra”. O Senhor é kṛta-jña, grato por qualquer pequena adoração que o devoto ofereça, e mesmo que o devoto esqueça, o Senhor não Se esquece.