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VERSO 29

sthity-udbhavāntaṁ bhuvana-trayasya yaḥ
samīhite ’nanta-guṇaḥ sva-līlayā
na tasya citraṁ para-pakṣa-nigrahas
tathāpi martyānuvidhasya varṇyate

sthiti — a manutenção; udbhava — criação; antam — e aniquilação; bhuvana-trayasya — dos três mundos; ya — quem; samīhite — efetua; ananta — ilimitadas; gua — cujas qualidades transcendentais; sva­-līlayā — como Seu próprio passatempo; na — não; tasya — para Ele; citram — maravilhoso; para — adversário; paka — do grupo; nigraha — a sujeição; tathā api — não obstante; martya — seres humanos; anuvidhasya — que está imitando; varyate — é descrito.

Para Ele que orquestra a criação, manutenção e destruição dos três mundos e que possui ilimitadas qualidades espirituais, é pouco surpreendente o fato de subjugar um grupo adversário. Ainda assim, quando o Senhor age dessa maneira, imitando o comportamento humano, os sábios glorificam Seus atos.

SIGNIFICADO—O filósofo Aristóteles argumentou certa vez que o Deus Supremo dificilmente participaria de atividades humanas, pois todas as atividades comuns são indignas de tal ser divino. De forma semelhan­te, Śrīla Viśvanātha Cakravartī, que é quase certo que jamais leu as obras de Aristóteles, levanta uma questão semelhante. Já que Śrī Kṛṣṇa cria, mantém e aniquila o universo inteiro, não é um combate desigual e desinteressante quando Ele luta contra Jarāsandha?

A resposta é a seguinte: O Senhor representa o papel de um ser humano e, expandindo Sua potência de prazer, cria emocionantes passatempos transcendentais cheios de suspense e ação dinâmica. Através da potência Yogamāyā do Senhor, Ele aparece exatamente como um ser humano, e assim podemos desfrutar o espetáculo da Pessoa Suprema agindo no palco terreno. Sem dúvida, os obstinados agnósticos argumentarão que, visto Kṛṣṇa ser Deus, não há verdadei­ro suspense envolvido. Tais céticos simplesmente não compreendem a potência atrativa de Kṛṣṇa. A beleza e o drama, mesmo no palco material, possuem sua lógica própria e fascinante, e, de igual modo, amamos Kṛṣṇa só pelo prazer de amá-lO, apreciamos Sua beleza por causa dela mesma e desfrutamos dos passatempos de Kṛṣṇa porque eles são de fato admiráveis por si mesmos. Em verdade, Kṛṣṇa executa Seus passatempos não para um propósito egoísta mundano, mas para o nosso prazer. Logo, a apresentação dos passatempos espirituais é ela própria um ato de amor que Kṛṣṇa realiza para a infinita felicidade espiritual das almas de coração puro que transcenderam a inveja ma­terial a Deus.

A esse respeito, Śrīla Viśvanātha Cakravartī cita um verso importante da Gopāla-tāpanī Upaniad, narākti para-brahma kāraa-mānua: “A Suprema Verdade Absoluta, para Seu propósito pessoal, aparece em uma forma humana, embora seja a fonte de tudo.” De forma semelhante, no Śrīmad-Bhāgavatam (10.14.32), encontramos que narākti para-brahma kāraa-mānua: “A fonte da bem-aventurança transcendental, o eterno Brahman Supremo, tornou-­Se amigo deles.”

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