VERSOS 7-8
sā ca kāmasya vai patnī
ratir nāma yaśasvinī
patyur nirdagdha-dehasya
dehotpattim pratīkṣatī
nirūpitā śambareṇa
sā sūdaudana-sādhane
kāmadevaṁ śiśuṁ buddhvā
cakre snehaṁ tadārbhake
sā — ela; ca — e; kāmasya — do Cupido; vai — de fato; patnī — a esposa; ratiḥ nāma — chamada Rati; yaśasvinī — famosa; patyuḥ — de seu marido; nirdagdha — reduzido a cinzas; dehasya — cujo corpo; deha — de um corpo; utpattim — a obtenção; pratīkṣatī — aguardando; nirūpitā — incumbida; śambareṇa — por Śambara; sā — ela; sūda-odana — de vegetais e arroz; sādhane — da preparação; kāma-devam — como Cupido; śiśum — o bebê; buddhvā — compreendendo; cakre — desenvolveu; sneham — amor; tadā — então; arbhake — pela criança.
Māyāvatī era de fato a célebre esposa de Cupido, Rati. Enquanto aguardava que seu marido conseguisse um novo corpo – visto que o seu anterior fora incinerado –, ela tinha sido incumbida por Śambara de preparar vegetais e arroz. Māyāvatī entendeu que esse bebê era, na verdade, Kāmadeva e, por isso, começou a sentir amor por Ele.
SIGNIFICADO—Śrīla Viśvanātha Cakravartī explica esta história da seguinte maneira: Quando o corpo do Cupido foi reduzido a cinzas, Rati adorou o senhor Śiva para obter um outro corpo para o Cupido. Śambara, que também procurara Śiva para obter uma bênção, foi reconhecido primeiro pelo senhor, que lhe disse: “Agora deves pedir tua bênção.” Śambara, acometido de luxúria ao ver Rati, respondeu que queria Rati como sua bênção, e Śiva consentiu. O senhor Śiva, então, consolou a chorosa Rati, dizendo-lhe: “Vai com ele e, na casa dele mesmo, conseguirás o que desejas.” Logo depois, Rati, com seu poder ilusório, confundiu Śambara e, tomando o nome de Māyāvatī, permaneceu intocada na casa dele.