VERSOS 2-3
śrī-śuka uvāca
indreṇa hṛta-chatreṇa
hṛta-kuṇḍala-bandhunā
hṛtāmarādri-sthānena
jñāpito bhauma-ceṣṭitam
sa-bhāryo garuḍārūḍhaḥ
prāg-jyotiṣa-puraṁ yayau
giri-durgaiḥ śastra-durgair
jalāgny-anila-durgamam
mura-pāśāyutair ghorair
dṛḍhaiḥ sarvata āvṛtam
śrī-śukaḥ uvāca — Śukadeva Gosvāmī disse; indreṇa — pelo senhor Indra; hṛta-chatreṇa — que sofrera o furto do guarda-sol (de Varuṇa); hṛta-kuṇḍala — o furto dos brincos; bandhunā — de sua parente (sua mãe Aditi); hṛta — e o furto; amara-adri — na montanha dos semideuses (Mandara); sthānena — do lugar especial (a área de recreio e seu pico, conhecido como Maṇi-parvata); jñāpitaḥ — informado; bhauma-ceṣṭitam — das atividades de Bhauma; sa — junto com; bhāryaḥ — Sua esposa (Satyabhāmā); garuḍa-ārūḍhaḥ — montando na ave gigante, Garuḍa; prāg-jyotiṣa-puram — à cidade de Prāgjyotiṣa-pura, capital de Bhauma (que existe até hoje em Tejpur, em Assam); yayau — foi; giri — constituídas de montanhas; durgaiḥ — por fortificações; śastra — que consistiam em armas; durgaiḥ — por fortificações; jala — de água; agni — fogo; anila — e vento; durgamam — tornada inacessível por fortificações; mura-pāśa — por uma perigosa parede de cabos; ayutaiḥ — dezenas de milhares; ghoraiḥ — terríveis; dṛḍhaiḥ — e fortes; sarvataḥ — por todos os lados; āvṛtam — rodeada
Śukadeva Gosvāmī disse: Depois de Bhauma ter roubado os brincos pertencentes à mãe de Indra, bem como o guarda-sol de Varuṇa e o parque de diversões dos semideuses, que fica situado no pico da montanha Mandara, Indra foi ter com o Senhor Kṛṣṇa e informou-O desses crimes. O Senhor, levando Sua esposa Satyabhāmā conSigo, então montou em Garuḍa e dirigiu-Se para Prāgjyotiṣa-pura, que era cercada de todos os lados por fortificações constituídas de colinas, armas automáticas, água, fogo e vento, e por obstáculos de fio mura-pāśa.
SIGNIFICADO—Os ācāryas explicaram de várias maneiras plausíveis por que o Senhor Kṛṣṇa levou Sua esposa Satyabhāmā conSigo. Śrīla Śrīdhara Svāmī começa dizendo que o Senhor queria proporcionar à Sua aventureira esposa uma experiência nova e, por isso, levou-a à cena dessa batalha extraordinária. Além disso, o Senhor Kṛṣṇa certa vez concedera a Bhūmi, a deusa da Terra, a bênção de que não mataria seu filho demoníaco sem sua permissão. Visto ser Bhūmi uma expansão de Satyabhāmā, esta podia autorizar Kṛṣṇa a fazer o que fosse necessário com o incomumente sórdido Bhaumāsura.
Por fim, Satyabhāmā se ofendera quando Nārada Muni trouxe para a rainha Rukmiṇī uma flor pārijāta celestial. Para acalmar Satyabhāmā, o Senhor Kṛṣṇa lhe prometera: “Eu te darei toda uma árvore dessas flores”, e assim o Senhor programou em Seu itinerário esta aquisição de uma árvore celestial.
Mesmo hoje em dia, maridos dedicados levam suas esposas às compras, e, desse modo, o Senhor Kṛṣṇa levou Satyabhāmā aos planetas celestiais para conseguir uma árvore celestial, bem como para recuperar os bens que Bhaumāsura roubara e devolvê-los a seus legítimos proprietários.
Śrīla Viśvanātha Cakravartī observa que no calor da batalha, a rainha Satyabhāmā naturalmente ficava ansiosa pela segurança do Senhor Kṛṣṇa e orava para que a batalha terminasse. Assim ela, sem demora, iria permitir que Kṛṣṇa matasse o filho de sua expansão, Bhūmi.