VERSO 43
taṁ tvānurūpam abhajaṁ jagatām adhīśam
ātmānam atra ca paratra ca kāma-pūram
syān me tavāṅghrir araṇaṁ sṛtibhir bhramantyā
yo vai bhajantam upayāty anṛtāpavargaḥ
tam — a Ele; tvā — Ti mesmo; anurūpam — adequado; abhajam — escolhi; jagatām — de todos os mundos; adhīśam — o mestre derradeiro; ātmānam — a Alma Suprema; atra — nesta vida; ca — e; paratra — na próxima vida; ca — também; kāma — de desejos; pūram — o realizador; syāt — que haja; me — para mim; tava — Teus; aṅghriḥ — pés; araṇam — abrigo; sṛtibhiḥ — pelos vários movimentos (de uma espécie de vida para a outra); bhramantyāḥ — que tem vagado; yaḥ — os quais (pés); vai — de fato; bhajantam — seu adorador; upayāti — aproxima-se; anṛta — da inverdade; apavargaḥ — liberdade.
Por seres adequado para mim, eu Te escolhi, o mestre e Alma Suprema de todos os mundos, que satisfazes nossos desejos nesta vida e na próxima. Que Teus pés, cujos adoradores libertam da ilusão quem os busca, deem abrigo a mim, que tenho vagado de uma situação material a outra.
SIGNIFICADO—Uma leitura alternativa para a palavra sṛtibhiḥ é śrutibhiḥ, e, neste caso, a ideia expressa por Rukmiṇī é: “Tenho ficado confusa ao ouvir várias escrituras religiosas que tratam de numerosos rituais e cerimônias com suas promessas de resultados fruitivos.” Śrīla Śrīdhara Svāmī apresenta essa explicação, enquanto Śrīla Jīva Gosvāmī e Śrīla Viśvanātha Cakravartī fornecem uma ideia adicional do que Rukmiṇī poderia querer exprimir com a palavra śrutibhiḥ: “Meu querido Senhor Kṛṣṇa, fiquei confusa ao ouvir sobre Tuas várias encarnações. Ouvi dizer que, quando apareceste como Rāma, abandonaste Tua esposa, Sītā, e que abandonaste as gopīs nesta vida. Portanto, fiquei confusa.”
Sabe-se que Śrīmatī Rukmiṇī-devī é uma consorte do Senhor Kṛṣṇa eternamente liberada, mas, nestes versos, ela desempenha com humildade o papel de uma mulher mortal que se abriga no Senhor Supremo.