No edit permissions for Português

CAPÍTULO SESSENTA E UM

O Senhor Balarāma Mata Rukmī

Este capítulo cataloga os filhos, netos e outros descendentes do Senhor Śrī Kṛṣṇa. Descreve também como o Senhor Balarāma matou Rukmī na cerimônia de casamento de Aniruddha e como o Senhor Kṛṣṇa providenciou o casamento de seus filhos e filhas.

Não compreendendo toda a verdade sobre Śrī Kṛṣṇa, cada uma de Suas esposas pensava que, como Ele permanecia sempre em seu palácio, ela devia ser a esposa favorita dEle. Todas elas estavam fascinadas com a beleza do Senhor e com Suas conversas amorosas, mas elas não conseguiam agitar-Lhe a mente com os gestos encantadores de suas sobrancelhas nem com quaisquer outras táticas. Tendo con­seguido como esposo o Senhor Kṛṣṇa, a quem mesmo semideuses como Brahmā acham difícil de conhecer de verdade, as rainhas do Senhor estavam sempre ávidas por estar em Sua companhia. Assim, embora tivesse milhões de criadas, cada uma delas, em pessoa, costumava prestar-lhe serviço subalterno.

Cada uma das esposas do Senhor Kṛṣṇa teve dez filhos, os quais, por sua vez, geraram muitos filhos e netos. No ventre da filha de Rukmī, Rukmavatī, Pradyumna gerou Aniruddha. Embora Śrī Kṛṣṇa tivesse desrespeitado Rukmī, este, para agradar a sua irmã, deu sua filha em casamento a Pradyumna, e sua neta a Aniruddha. Balī, filho de Kṛtavarmā, casou-se com a filha de Rukmiṇī, Cārumatī.

No casamento de Aniruddha, o Senhor Baladeva, Śrī Kṛṣṇa e outros Yādavas foram ao palácio de Rukmī na cidade de Bhojakaṭa. Depois da cerimônia, Rukmī desafiou o Senhor Baladeva para um jogo de dados. Na primeira partida, Rukmī derrotou Baladeva, ao que o rei de Kaliṅga riu do Senhor, mostrando todos os dentes. O Senhor Baladeva ganhou a partida seguinte, mas Rukmī recusou-se a reconhecer a derrota. Uma voz, então, falou do céu, anunciando que Bala­deva ganhara de fato. Mas Rukmī, encorajado pelos perversos reis, ofendeu o Senhor Baladeva dizendo que, embora este fosse, sem dúvida, expe­riente em cuidar de vacas, nada sabia de jogo de dados. Insultado dessa maneira, o Senhor Baladeva, irado, atingiu Rukmī com um golpe mortal de Sua maça. O rei de Kaliṅga tentou fugir, mas o Senhor Baladeva agarrou-o e, com um golpe, arrancou-lhe todos os dentes. Então, os outros reis ofensores, com seus braços, coxas e cabeças feridos pelos golpes de Baladeva, fugiram em todas as dire­ções, sangrando em profusão. Śrī Kṛṣṇa não expressou aprovação nem desaprovação à morte de Seu cunhado, temendo pôr em perigo Seus laços amorosos quer com Rukmiṇī, quer com Baladeva.

Então, o Senhor Baladeva e os outros Yādavas colocaram Ani­ruddha e Sua noiva em uma bela quadriga, após o que partiram todos para Dvārakā.

VERSO 1: Śukadeva Gosvāmī disse: Cada uma das esposas do Senhor Kṛṣṇa deu à luz dez filhos, que não eram inferiores a seu pai, tendo todas as opulências pessoais dEle.

VERSO 2: Porque via que o Senhor Acyuta nunca deixava seu palácio, cada uma destas princesas pensava que era a favorita do Senhor. Essas mulheres não entendiam toda a verdade sobre Ele.

VERSO 3: As esposas do Senhor Supremo estavam completamente encantadas com Seu belo rosto semelhante ao lótus, Seus longos braços e grandes olhos, Seus olhares amorosos repletos de riso e Suas encantadoras conversas. Mas, com todos os seus encantos, aque­las damas não conseguiam conquistar a mente do Senhor todo­-poderoso.

VERSO 4: As sobrancelhas arqueadas dessas dezesseis mil rainhas expressavam com encanto as intenções secretas daquelas damas através de tímidos e sorridentes olhares de soslaio. Assim, suas sobrancelhas transmitiam ousadas mensagens conjugais. Todavia, nem mesmo com essas flechas do Cupido, nem com outras táti­cas, elas conseguiam agitar os sentidos do Senhor Kṛṣṇa.

VERSO 5: Dessa maneira, essas mulheres obtiveram como esposo o amo da deusa da fortuna, embora nem mesmo eminentes semideuses como Brahmā saibam como aproximar-se dEle. Com prazer sem­pre crescente, elas sentiam atração amorosa por Ele, trocavam olhares sorridentes com Ele, ansiavam ardentemente por asso­ciar-se com Ele em uma intimidade sempre renovada e desfruta­vam de muitas outras formas.

VERSO 6: Embora cada uma delas tivesse centenas de criadas, as rainhas do Senhor Supremo preferiam servi-lO pessoalmente aproximando-se dEle com humildade, oferecendo-Lhe um assento, adorando-O com excelente parafernália, banhando e massageando-Lhe os pés, dando-Lhe pān para mascar, abanando-O, ungindo-O com pasta de sândalo aromático, adornando-O com guirlandas de flores, penteando-Lhe o cabelo, preparando Sua cama, banhando-O e ofertando-Lhe vários presentes.

VERSO 7: Entre as esposas do Senhor Kṛṣṇa, cada uma das quais tinha dez filhos, mencionei antes oito rainhas principais. Agora, recita­rei para ti os nomes dos filhos daquelas oito rainhas, a começar por Pradyumna.

VERSOS 8-9: O primogênito da rainha Rukmiṇī foi Pradyumna, e também nasceram dela Cārudeṣṇa, Sudeṣṇa e o poderoso Cārudeha, bem como Sucāru, Cārugupta, Bhadracāru, Cārucandra, Vicāru e Cāru, o décimo. Nenhum desses filhos do Senhor Hari era infe­rior a seu pai.

VERSOS 10-12: Os dez filhos de Satyabhāmā foram Bhānu, Subhānu, Svarbhānu, Prabhānu, Bhānumān, Candrabhānu, Bṛhadbhānu, Atibhānu (o oitavo), Śrībhānu e Pratibhānu. Sāmba, Sumitra, Purujit, Śatajit, Sahasrajit, Vijaya, Citraketu, Vasumān, Draviḍa e Kratu foram os filhos de Jāmbavatī. Esses dez, a começar por Sāmba, eram os favoritos de seu pai.

VERSO 13: Os filhos de Nāgnajitī foram Vīra, Candra, Aśvasena, Citragu, Vegavān, Vṛṣa, Āma, Śaṅku, Vasu e o opulento Kunti.

VERSO 14: Śruta, Kavi, Vṛṣa, Vīra, Subāhu, Bhadra, Śānti, Darśa e Pūrṇamāsa foram os filhos de Kālindī. Seu filho mais novo foi Somaka.

VERSO 15: Os filhos de Mādrā foram Praghoṣa, Gātravān, Siṁha, Bala, Prabala, Ūrdhaga, Mahāśakti, Saha, Oja e Aparājita.

VERSO 16: Os filhos de Mitravindā foram Vṛka, Harṣa, Anila, Gṛdhra, Vardhana, Unnāda, Mahāṁsa, Pāvana, Vahni e Kṣudhi.

VERSO 17: Saṅgrāmajit, Bṛhatsena, Śūra, Praharaṇa, Arijit, Jaya e Subhadra, bem como Vāma, Āyur e Satyaka, foram os filhos de Bhadrā.

VERSO 18: Dīptimān, Tāmratapta e outros foram os filhos do Senhor Kṛṣṇa e Rohiṇī. Pradyumna, o filho do Senhor Kṛṣṇa, gerou o poderosíssimo Aniruddha no ventre de Rukmavatī, a filha de Rukmī. Ó rei, isso aconteceu enquanto eles viviam na cidade de Bhojakaṭa.

VERSO 19: Meu querido rei, os filhos e netos dos filhos do Senhor Kṛṣṇa chegavam a dezenas de milhões. Dezesseis mil mães deram origem a essa dinastia.

VERSO 20: O rei Parīkṣit disse: Como Rukmī pôde dar sua filha em casamento ao filho de seu inimigo? Afinal, Rukmī fora derrotado em combate pelo Senhor Kṛṣṇa e aguardava a oportunidade de matá-lO. Por favor, explica-me isso, ó santo erudito – como estes dois clãs inimigos se uniram através desse matrimônio.

VERSO 21: Os yogīs místicos podem ver com perfeição o que ainda não aconteceu, bem como coisas ocorridas no passado ou presente, que se encontram fora do alcance dos sentidos, remotas ou impedidas por obstáculos físicos.

VERSO 22: Śrī Śukadeva Gosvāmī disse: Em sua cerimônia de svayaṁvara, a própria Rukmavatī escolheu Pradyumna, que era a reencarnação do Cupido. Então, apesar de lutar sozinho sobre uma única quadriga, Pradyumna derrotou em combate os reis reunidos e a raptou.

VERSO 23: Embora sempre se lembrasse de sua inimizade para com o Senhor Kṛṣṇa, que o insultara, Rukmī, a fim de agradar a sua irmã, sancionou o casamento de sua filha com seu sobrinho.

VERSO 24: Ó rei, Balī, o filho de Kṛtavarmā, casou-se com a jovem filha de Rukmiṇī, Cārumatī, que tinha grandes olhos.

VERSO 25: Rukmī deu sua neta Rocanā a Aniruddha, o filho de sua filha, apesar da implacável rixa entre Rukmī e o Senhor Hari. Embora considerasse irreligioso esse casamento, Rukmī queria agradar a sua irmã, atado como estava pelos vínculos da afeição.

VERSO 26: Na jubilosa ocasião daquele casamento, ó rei, a rainha Rukmi­ṇī, o Senhor Balarāma, o Senhor Kṛṣṇa e vários dos filhos do Senhor, encabeçados por Sāmba e Pradyumna, foram para a ci­dade de Bhojakaṭa.

VERSOS 27-28: Depois do casamento, um grupo de reis arrogantes, chefiados pelo rei de Kaliṅga, disse a Rukmī: “Deves derrotar Balarāma no jogo de dados. Ele não é perito nesse jogo, ó rei, mas, ainda assim, é muito viciado no mesmo.” Após receber tal conselho, Rukmī desafiou Balarāma e começou uma partida do jogo com Ele.

VERSO 29: Naquela partida, o Senhor Balarāma primeiro aceitou uma aposta de cem moedas, depois uma aposta de mil, depois uma aposta de dez mil. Rukmī ganhou a primeira rodada, e o rei de Kaliṅga riu bem alto do Senhor Balarāma, mostrando todos os seus dentes. O Senhor Balarāma não pôde suportar isso.

VERSO 30: Em seguida, Rukmī aceitou uma aposta de cem mil moedas, a qual o Senhor Balarāma ganhou. Mas Rukmī tentou trapacear, declarando: “O vencedor sou eu!”

VERSO 31: Tremendo de ira tal qual o oceano em dia de lua cheia, o belo Senhor Balarāma, com Seus olhos naturalmente avermelhados ainda mais rubros devido à fúria, aceitou uma aposta de cem milhões de moedas de ouro.

VERSO 32: O Senhor Balarāma ganhou honestamente esta aposta também, mas Rukmī de novo recorreu à fraude e declarou: “Eu ganhei! Que estas testemunhas aqui digam o que viram.”

VERSO 33: Bem naquele momento, uma voz do céu declarou: “Balarāma ganhou honestamente esta aposta. Rukmī decerto está mentindo.”

VERSO 34: Incitado pelos perversos reis, Rukmī ignorou a voz divina. De fato, o próprio destino impelia Rukmī, de modo que ele ridicularizou o Senhor Balarāma com as seguintes palavras.

VERSO 35: [Rukmī disse:] Vós, vaqueiros que perambulais pelas florestas, nada sabeis de jogo de dados. Jogar dados e caçar com flechas é só para reis, e não para gente como Tu.

VERSO 36: Insultado assim por Rukmī e ridicularizado pelos reis, o Senhor Balarāma encheu-Se de ira. No meio da auspiciosa assembleia do casamento, Ele ergueu Sua maça e, com um golpe, matou Rukmī.

VERSO 37: O rei de Kaliṅga, que riu do Senhor Balarāma e mostrou os dentes, tentou fugir, mas o enfurecido Senhor agarrou-o bem depressa em seu décimo passo e, com um golpe, arrancou-lhe todos os dentes.

VERSO 38: Atormentados pela maça do Senhor Balarāma, os outros reis fugiram de medo, com seus braços, coxas e cabeças quebrados e seus corpos encharcados de sangue.

VERSO 39: Quando Seu cunhado Rukmī foi morto, o Senhor Kṛṣṇa nem aclamou nem protestou, ó rei, pois temia arriscar Seus laços de afeição quer com Rukmiṇī, quer com Balarāma.

VERSO 40: Em seguida, os descendentes de Daśārha, encabeçados pelo Senhor Balarāma, colocaram Aniruddha e Sua noiva em uma excelente quadriga e partiram de Bhojakaṭa para Dvārakā. Por terem se refugiado no Senhor Madhusūdana, eles haviam cumprido todos os seus propósitos.

« Previous Next »