VERSO 9
ity uktaḥ kumatir hṛṣṭaḥ
sva-gṛhaṁ prāviśan nṛpa
pratīkṣan giriśādeśaṁ
sva-vīrya-naśanam kudhīḥ
iti — assim; uktaḥ — advertido; ku-matiḥ — o tolo; hṛṣṭaḥ — deleitado; sva — em sua; gṛham — casa; prāviśat — entrou; nṛpa — ó rei (Parīkṣit); pratīkṣan — esperando; giriśa — do senhor Śiva; ādeśam — predição; sva-vīrya — de sua valentia; naśanam — a destruição; ku-dhīḥ — o ininteligente.
Assim advertido, o ininteligente Bāṇāsura se deleitou. O tolo, então, foi para casa, ó rei, para esperar pelo que o senhor Giriśa havia predito: a destruição de sua valentia.
SIGNIFICADO—Nesta passagem, descreve-se Bāṇāsura como ku-dhī (“que tem inteligência ruim”) e ku-mati (“tolo”) porque ele compreendeu de maneira completamente equivocada a verdadeira situação. Esse demônio era tão arrogante que se convencera de que ninguém podia derrotá-lo. Ele se deleitou ao ouvir que alguém tão poderoso quanto o senhor Śiva viria lutar contra ele e satisfazer o seu desejo intenso de lutar. Ainda que Śiva tivesse dito que aquela pessoa quebraria a bandeira de Bāṇa e destruiria sua valentia, o demônio era tolo demais para levar a sério essa advertência e aguardou ansioso pela luta.
No momento atual, os materialistas se deleitam com as muitas facilidades extraordinárias para o gozo dos sentidos. Embora seja claro que a morte, tanto individual quanto coletiva, aproxima-se rapidamente deles, os modernos hedonistas se esquecem de sua inevitável destruição. Como se afirma no Bhāgavatam (2.1.4), paśyann api na paśyati: Ainda que sua iminente destruição seja evidente, eles são cegos demais para vê-la, por estarem inebriados pelo prazer sexual e apego familiar. De modo semelhante, Bāṇāsura estava inebriado com sua valentia material e não podia acreditar que estava para ser posto em seu devido lugar.