VERSO 19
bhūmau nidhāya taṁ gopī
vismitā bhāra-pīḍitā
mahā-puruṣam ādadhyau
jagatām āsa karmasu
bhūmau — no chão; nidhāya — pondo; tam — a criança; gopī — mãe Yaśodā; vismitā — atônita; bhāra-pīḍitā — estando aflita com o peso da criança; mahā-puruṣam — Senhor Viṣṇu, Nārāyaṇa; ādadhyau — refugiou-se em; jagatām — como se o peso do mundo inteiro; āsa — ocupou-se; karmasu — em outros afazeres domésticos.
Sentindo que a criança estava tão pesada como todo o universo e, consequentemente, ficando ansiosa, pensando que talvez a criança estivesse sendo atacada por algum outro fantasma ou demônio, mãe Yaśodā, atônita, colocou a criança no chão e começou a pensar em Nārāyaṇa. Prevendo perturbações, ela chamou os brāhmaṇas para anular aquele peso e, em seguida, foi ocupar-se em seus outros afazeres domésticos. Não lhe restava nenhuma alternativa além de lembrar-se dos pés de lótus de Nārāyaṇa, pois ela não podia entender que Kṛṣṇa era a fonte que tudo origina.
SIGNIFICADO—Mãe Yaśodā não compreendia que Kṛṣṇa pesa mais do que qualquer coisa e que Kṛṣṇa repousa dentro de tudo (mat-sthāni sarva-bhūtāni). Como se confirma na Bhagavad-gītā (9.4), mayā tatam idaṁ sarvaṁ jagad avyakta-mūrtinā: Sob Sua forma impessoal, Kṛṣṇa está em toda parte, e tudo repousa nEle. Entretanto, na cāhaṁ teṣv avasthitaḥ: Kṛṣṇa não está em toda parte. Mãe Yaśodā era incapaz de entender essa filosofia porque, por arranjo de yogamāyā, ela lidava com Kṛṣṇa como Sua verdadeira mãe. Não compreendendo a importância de Kṛṣṇa, só lhe restava pedir a Nārāyaṇa que protegesse Kṛṣṇa e chamar os brāhmaṇas para remediar a situação.