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VERSO 30

itthaṁ niśamya damaghoṣa-sutaḥ sva-pīṭhād
utthāya kṛṣṇa-guṇa-varṇana-jāta-manyuḥ
utkṣipya bāhum idam āha sadasy amarṣī
saṁśrāvayan bhagavate paruṣāṇy abhītaḥ

ittham — assim; niśamya — ouvindo; damaghoṣa-sutaḥ — o filho de Damaghoṣa (Śiśupāla); sva — de seu; pīṭhāt — assento; utthāya — levantando-se; kṛṣṇa-guṇa — das eminentes qualidades do Senhor Kṛṣṇa; varṇana — pelas descrições; jāta — despertada; manyuḥ — cuja ira; utkṣi­pya — agitando; bāhum — os braços; idam — isto; āha — disse; sadasi — no meio da assembleia; amarṣī — intolerante; saṁśrāvayan — dirigin­do; bhagavate — ao Senhor Supremo; paruṣāṇi — palavras ríspidas; abhītaḥ — sem medo.

O intolerante filho de Damaghoṣa enfureceu-se ao ouvir a glo­rificação das qualidades transcendentais do Senhor Kṛṣṇa. Ele se levantou de seu assento e, agitando os braços com muita ira, falou destemidamente a toda a assembleia as seguintes palavras ríspidas contra o Senhor Supremo.

SIGNIFICADO—Śrīla Prabhupāda escreve: “Naquela reunião, o rei Śiśupāla tam­bém estava presente. Ele era inimigo declarado de Kṛṣṇa por muitas razões, sobretudo porque Kṛṣṇa raptara Rukmiṇī da cerimônia de casamento; portanto, ele não podia tolerar que se honrasse Kṛṣṇa e se glorificassem Suas qualidades. Em vez de se rejubilar ao ouvir as glórias do Senhor, ele ficou muito zangado.”

Śrīla Viśvanātha Cakravartī menciona que a razão de Śiśupāla não ter contestado quando Sahadeva propôs que Kṛṣṇa recebesse o agra­pūjā é que Śiśupāla queria arruinar o sacrifício do rei Yudhiṣṭhira. Caso Śiśupāla argumentasse antes contra o fato de o Senhor Kṛṣṇa receber a primeira honra e outrem tivesse sido escolhido, o sacrifício teria prosseguido normalmente. Por isso, Śiśupāla deixou que Kṛṣṇa fosse escolhido, esperou até acabar a adoração e, somente então, falou – esperando com isso demonstrar que o sacrifício agora estava arruinado. Assim, ele inutilizaria o esforço de Mahārāja Yudhiṣṭhira. A esse respeito, o ācārya cita a seguinte referência do smṛti, apūjyā yatra pūjyante pūjyānāṁ ca vyatikramaḥ: “No lugar onde se adoram os que não devem ser adorados, há ofensa contra os que de fato devem ser adorados.” Há também a seguinte declaração, pratibadhnāti hi śreyaḥ pūjyapūjya-vyatikramaḥ: “A inadequada compreensão de quem se deve e de quem não se deve adorar impedirá o progresso da pessoa na vida.”

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