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VERSOS 33-34

tapo-vidyā-vrata-dharān
jñāna-vidhvasta-kalmaṣān
paramaṛṣīn brahma-niṣṭhāḻ
loka-pālaiś ca pūjitān

sadas-patīn atikramya
gopālaḥ kula-pāṁsanaḥ
yathā kākaḥ puroḍāśaṁ
saparyāṁ katham arhati

tapaḥ — austeridade; vidyā — conhecimento védico; vrata — votos severos; dharān — que mantêm; jñāna — pela compreensão espiritual; vidhvasta — erradicados; kalmaṣān — cujas impurezas; parama — os mais eminentes; ṛṣīn — sábios; brahma — à Verdade Absoluta; niṣ­ṭhān — dedicados; loka-pālaiḥ — pelos regentes dos sistemas planetá­rios; ca — e; pūjitān — adorados; sadaḥ-patīn — líderes da assembleia; atikramya — passando por cima; gopālaḥ — um vaqueiro; kula — de Sua família; pāṁsanaḥ — a desgraça; yathā — como; kākaḥ — um corvo; puroḍāśam — o bolo de arroz sagrado (oferecido aos semideuses); saparyām — adoração; katham — como; arhati — merece.

Como podeis passar por cima dos mais ilustres membros desta assembleia – eminentíssimos sábios dedicados à Verdade Absoluta, dotados com os poderes de austeridade, visão divina e adesão estrita a votos severos, santificados pelo conhecimento e adora­dos até mesmo pelos regentes do universo? Como é que este vaqueiro, a desgraça de Sua família, merece vossa adoração? Isso é como considerar que um corvo merece comer o sagrado bolo de arroz puroḍāśa.

SIGNIFICADO—O grande comentador Śrīdhara Svāmī analisou assim as palavras de Śiśupāla. O termo go-pāla significa não só “vaqueiro”, mas tam­bém “protetor dos Vedas e da Terra”. De igual modo, kula-pāṁsana tem duplo sentido. Śiśupāla intencionava dizer “a desgraça de Sua família”, que é seu sentido quando dividido como acima. Mas também se pode analisar a palavra como ku-lapām aṁsana, que proporciona um senti­do totalmente diferente. Ku-lapām indica aqueles que tagarelam com palavras deturpadas e contrárias aos Vedas, e aṁsana, derivada do verbo aṁsayati, quer dizer “destruidor”. Em outras palavras, ele es­tava louvando o Senhor Kṛṣṇa como “aquele que destrói todas as especulações desorientadas e frívolas sobre a natureza da verdade”. De modo semelhante, embora Śiśupāla, ao usar as palavras yathā kākaḥ, quisesse comparar o Senhor Kṛṣṇa a um corvo, essas palavras também podem ser divididas como yathā a-kākaḥ. Neste caso, se­gundo Śrīla Śrīdhara Svāmī, a palavra kāka é uma combinação de ka e āka, que indicam felicidade e sofrimento materiais. Logo, o Senhor Kṛṣṇa é akāka no sentido de que Ele Se encontra além de todo sofrimento e felicidade materiais, situado na plataforma pura e transcendental. Por fim, Śiśupāla tinha razão ao dizer que o Senhor Kṛṣṇa não merece apenas o bolo de arroz puroḍāśa, oferecido aos semideuses inferiores como substituto da bebida celestial soma. De fato, o Senhor Kṛṣṇa merece receber tudo o que possuímos, pois é o proprietário último de tudo, inclusive de nós mesmos. Por isso, devemos dar ao Senhor Kṛṣṇa nossa vida e alma, e não meramente uma oferenda ritualística de bolos de arroz.

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