VERSO 35
nāhaṁ bhakṣitavān amba
sarve mithyābhiśaṁsinaḥ
yadi satya-giras tarhi
samakṣaṁ paśya me mukham
na — não; aham — Eu; bhakṣitavān — comi barro; amba — Minha querida mãe; sarve — todos eles; mithya-abhiśaṁsinaḥ — todos mentirosos, simplesmente reclamando de Mim para que possas castigar-Me; yadi — se é um fato; satya-giraḥ — que eles falaram a verdade; tarhi — então; samakṣam — diretamente; paśya — vê; me — Minha; mukham — boca.
O Senhor Śrī Kṛṣṇa respondeu: Minha querida mãe, Eu jamais comi barro. Todos os Meus amigos que reclamam de Mim são mentirosos. Se pensas que estão falando a verdade, podes olhar diretamente dentro de Minha boca e examiná-la.
SIGNIFICADO—Kṛṣṇa apresentava-Se como uma criança inocente para aumentar o êxtase transcendental da afeição materna. Como se descreve no śāstra, tāḍana-bhayān mithyoktir vātsalya-rasa-poṣikā. Isso significa que, certas vezes, uma criancinha fala mentiras. Por exemplo, ela pode ter roubado algo ou comido algo e, apesar disso, nega que o fez. Ordinariamente, vemos isso no mundo material, mas, em relação a Kṛṣṇa, é diferente; essas atividades destinam-se a despertar no devoto o êxtase transcendental. Em Suas brincadeiras, a Suprema Personalidade de Deus, agindo como um mentiroso, acusava todos os outros devotos de serem mentirosos. Como se afirma no Śrīmad-Bhāgavatam (10.12.11), kṛta-puṇya-puñjāḥ: Depois de muitos e muitos nascimentos em que presta serviço devocional, o devoto pode alcançar essa posição extática. As pessoas que acumularam os resultados de uma vasta quantidade de atividades piedosas podem alcançar a fase na qual se associam com Kṛṣṇa e brincam com Ele, como simples companheiros. Ninguém deve considerar esse intercâmbio de serviço transcendental como acusações mentirosas. Ninguém jamais deve acusar esses devotos de serem meninos comuns que falam mentiras, pois, através de grandes austeridades (tapasā brahmacaryeṇa śamena ca damena ca), eles alcançaram essa fase na qual se associam com Kṛṣṇa.