VERSOS 21-23
iti tac cintayann antaḥ
prāpto niya-gṛhāntikam
sūryānalendu-saṅkāśair
vimānaiḥ sarvato vṛtam
vicitropavanodyānaiḥ
kūjad-dvija-kulākulaiḥ
protphulla-kamudāmbhoja-
kahlārotpala-vāribhiḥ
juṣṭaṁ sv-alaṅkṛtaiḥ pumbhiḥ
strībhiś ca hariṇākṣibhiḥ
kim idaṁ kasya vā sthānaṁ
kathaṁ tad idam ity abhūt
iti — assim; tat — isto; cintayan — pensando; antaḥ — dentro de si; prāptaḥ — chegado; nija — dele; gṛha — da casa; antikam — nos arredores; sūrya — o Sol; anala — o fogo; indu — e a Lua; saṅkāśaiḥ — rivalizando; vimānaiḥ — com palácios celestiais; sarvataḥ — de todos os lados; vṛtam — rodeados; vicitra — maravilhosos; upavana — com quintais; udyānaiḥ — e jardins; kūjat — que arrulhavam; dvija — de aves; kula — em bandos; ākulaiḥ — reunindo-se; protphulla — em plena floração; kumuda — que tinham lótus que florescem à noite; ambhoja — e lótus diurnos; kahlāra — lótus brancos; utpala — e lírios d’água; vāribhiḥ — com reservatórios de água; juṣṭam — adornados; su — bem; alaṅkṛtaiḥ — ornamentados; pumbhiḥ — com homens; strībhiḥ — com mulheres; ca — e; hariṇā — como os da corça; akṣibhiḥ — cujos olhos; kim — o que; idam — isto; kasya — de quem; vā — ou; sthānam — lugar; katham — como; tat — é que; idam — isto; iti — assim; abhūt — aconteceu.
[Śukadeva Gosvāmī continuou:] Pensando assim consigo mesmo, Sudāmā enfim chegou ao lugar onde ficava sua casa. Mas aquele lugar agora estava repleto, por todos os lados, de imponentes palácios celestiais, os quais rivalizavam o brilho combinado do Sol, do fogo e da Lua. Havia esplêndidos quintais e jardins, cada qual cheio de bandos de aves a cantar e embelezado por reservatórios de água em que cresciam lótus kumuda, ambhoja, kahlāra e utpala. Homens muito bem trajados e mulheres de olhos de corça mantinham-se de pé aguardando ordens. Admirado, Sudāmā perguntava a si mesmo: “O que é tudo isto? De quem é essa propriedade? Como é que tudo isso aconteceu?”
SIGNIFICADO—Śrīla Śrīdhara Svāmī apresenta a sequência dos pensamentos do brāhmaṇa: Primeiro, ao ver uma formidável e desconhecida refulgência, ele pensou: “O que é isto?” Então, quando notou os palácios, ele se perguntou: “De quem é este lugar?” E, reconhecendo que ali era onde ficava sua casa, indagou admirado: “Como é que tudo se transformou tanto aqui?”