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VERSOS 6-7

sarva-bhūtātma-dṛk sākṣāt
tasyāgamana-kāraṇam
vijṅāyācintayan nāyaṁ
śrī-kāmo mābhajat purā

patnyāḥ pati-vratāyās tu
sakhā priya-cikīrṣayā
prāpto mām asya dāsyāmi
sampado ’martya-durlabhāḥ

sarva — de todos; bhūta — os seres vivos; ātma — dos corações; dṛk — a testemunha; sākṣāt — direta; tasya — dele (Sudāmā); āgamana — para a vinda; kāraṇam — a razão; vijñāya — compreendendo por completo; acintayat — pensou; na — não; ayam — ele; śrī — de opulência; kā­maḥ — desejoso; — a Mim; abhajat — adorou; purā — no passado; patnyāḥ — de sua esposa; pati — a seu marido; vratāyāḥ — castamente devotado; tu — porém; sakhā — Meu amigo; priya — a satisfação; cikīrṣayā — com o desejo de conseguir; prāptaḥ — agora veio; mām — a Mim; asya — a ele; dāsyāmi — darei; sampadaḥ — riqueza; amartya — aos semideuses; durlabhāḥ — inacessível.

Sendo a testemunha direta no coração de todos os seres vivos, o Senhor Kṛṣṇa sabia muito bem por que Sudāmā fora vê-lO. Assim, Ele pensou: “No passado, Meu amigo jamais Me adorou em troca de opulências materiais, mas agora ele vem até Mim para satisfazer sua casta e devotada esposa. Eu lhe darei riquezas que nem mesmo os semideuses imortais podem conseguir.”

SIGNIFICADO—Śrīla Viśvanātha Cakravartī comenta que o Senhor pensou por um mo­mento: “Como aconteceu de, a despeito de Minha onisciên­cia, esse devoto cair em tamanha pobreza?” Então, compreendendo logo a situação, Ele disse a Si próprio as palavras relatadas neste verso.

Mas alguém poderia assinalar que Sudāmā não devia estar tão empobrecido, pois o desfrute apropriado vem como subproduto do serviço a Deus mesmo para um devoto que não tenha motivações ulteriores. Isso se confirma na Bhagavad-gītā (9.22):

ananyāś cintayanto māṁ
ye janāḥ paryupāsate
teṣāṁ nityābhiyuktānāṁ
yoga-kṣemaṁ vahāmy aham

“Mas aqueles que sempre Me adoram com devoção exclusiva, meditando em Minha forma transcendental – a eles Eu trago o que lhes falta e preservo o que têm.”

Em resposta a esse ponto, deve-se fazer uma distinção entre dois tipos de devotos renunciados: um é hostil ao gozo dos sentidos, e outro é indiferente a isso. O Senhor Supremo não força o gozo dos sentidos ao devoto que é extremamente avesso aos prazeres munda­nos. Vê-se isso entre notáveis renunciantes, tais como Jaḍa Bharata. Por outro lado, o Senhor pode dar riqueza e poder ilimitados a devo­tos que não sentem atração nem repulsa pelas coisas materiais, tais como Prahlāda Mahārāja. Até esse ponto em sua vida, o brāhmaṇa Sudāmā era totalmente avesso ao gozo dos sentidos, mas agora, por compaixão à sua fiel esposa – e também porque ansiava muito a audiência com Kṛṣṇa –, ele foi pedir esmolas ao Senhor.

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