VERSOS 27-28
atha tatra kuru-śreṣṭha
devakī sarva-devatā
śrutvānītaṁ guroḥ putram
ātmajābhyāṁ su-vismitā
kṛṣṇa-rāmau samāśrāvya
putrān kaṁsa-vihiṁsitān
smarantī kṛpaṇaṁ prāha
vaiklavyād aśru-locanā
atha — então; tatra — naquele lugar; kuru-śreṣṭha — ó melhor dos Kurus; devakī — mãe Devakī; sarva — de todos; devatā — a deusa sumamente adorável; śrutvā — tendo ouvido; nītam — trazido de volta; guroḥ — do mestre espiritual dEles; putram — o filho; ātmajābhyām — por seus dois filhos; su — muito; vismitā — surpresa; kṛṣṇa-rāmau — a Kṛṣṇa e Balarāma; samāśrāvya — dirigindo-se abertamente; putrān — seus filhos; kaṁsa-vihiṁsitān — assassinados por Kaṁsa; smarantī — lembrando; kṛpaṇam — lastimosa; prāha — falou; vaiklavyāt — devido a seu estado de perturbação; aśru — (cheios de) lágrimas; locanā — seus olhos.
Naquele momento, ó melhor dos Kurus, Devakī, que é adorada em todo o universo, aproveitou a oportunidade para dirigir-se a seus dois filhos, Kṛṣṇa e Balarāma. Outrora, ela ouvira com assombro que Eles haviam ressuscitado o filho de Seu mestre espiritual. Agora, pensando em seus próprios filhos que tinham sido assassinados por Kaṁsa, ela sentiu grande pesar e, então, com os olhos cheios de lágrimas, fez a seguinte súplica a Kṛṣṇa e Balarāma.
SIGNIFICADO—O amor de Vasudeva por Kṛṣṇa se perturbara porque seu conhecimento a respeito das opulências de Kṛṣṇa conflitava com o fato de vê-lO como seu filho. De um modo diferente, o amor de Devakī se aturdiu um pouco por causa de sua lamentação pelos filhos mortos. Então, Kṛṣṇa fez um arranjo para aliviá-la da ideia errônea de que alguém mais que não o Senhor era realmente filho dela. Como se sabe que Devakī é adorada por todas as grandes almas, sua exibição de afeição materna deve de fato ter sido um efeito da yogamāyā do Senhor, que aumenta o prazer de Seus passatempos. Por isso, no verso 54, Devakī será descrita como mohitā māyayā viṣṇoḥ, “desorientada pela energia interna do Senhor Kṛṣṇa”.