No edit permissions for Português

VERSO 33

vijita-hṛṣīka-vāyubhir adānta-manas tura-gaṁ
ya iha yatanti yantum ati-lolam upāya-khidaḥ
vyasana-śatānvitāḥ samavahāya guroś caraṇaṁ
vaṇija ivāja santy akṛta-karṇa-dharā jaladhau

vijita — conquistados; hṛṣīka — com sentidos; vāyubhiḥ — e ar vital; adānta — não posta sob controle; manaḥ — a mente; tura-gam — (que é como) um cavalo; ye — aqueles que; iha — neste mundo; yatan­ti — esforçam-se; yantum — por regular; ati — muito; lolam — instável; upāya — por seus vários métodos de cultivo; khidaḥ — aflitos; vyasa­na — perturbações; śata — por centenas; anvitāḥ — acompanhados; sa­mavahāya — abandonando; guroḥ — do mestre espiritual; caraṇam — os pés; vaṇijaḥ — mercadores; iva — como se; aja — ó não-nascido; santi — são; akṛta — não tendo levado; karṇa-dharāḥ — um timoneiro; jala­dhau — no oceano.

A mente é como um cavalo impetuoso que nem mesmo pessoas que regularam os sentidos e a respiração podem controlar. Aque­les neste mundo que tentam domar a mente descontrolada, mas que abandonam os pés de seu mestre espiritual, deparam-se com centenas de obstáculos em seu cultivo de várias práticas penosas. Ó Senhor não-nascido, eles são como mercadores em um barco no oceano que não contrataram um timoneiro.

SIGNIFICADO—Para se qualificar para alcançar o amor a Deus, o fruto maduro da liberação, a pessoa deve primeiro sujeitar a mente material rebelde. Apesar de difícil, pode-se conseguir isso quando se substitui o vício ao gozo dos sentidos pelo gosto aos prazeres superiores da vida espiritual. Mas é apenas pelo favor do representante de Deus, o mestre es­piritual, que se pode conseguir esse gosto superior.

O mestre espiritual abre os olhos do discípulo para as maravilhas do reino transcendental, como o indicam as orações do Gāyatrī no mantra semente do conhecimento divino: aiṁ.

A Muṇḍaka Upaniṣad (1.2.12) declara:

tad-vijñānārthaṁ sa gurum evābhigacchet
samit-pāṇiḥ śrotriyaṁ brahma-niṣṭham

“Para compreender de modo correto essas coisas, a pessoa deve aproximar-se humildemente, com lenha na mão, de um mestre espi­ritual que seja versado nos Vedas e firmemente devotado à Verdade Absoluta.” E a Kaṭha Upaniṣad (2.9) declara:

naiṣā tarkeṇa matir āpaneyā
proktānyenaiva su-jñānāya preṣṭha

“Essa realização, meu caro menino, não pode ser conseguida através de lógica. Ela deve ser falada por um mestre espiritual de qualifica­ção excepcional a um discípulo instruído.”

Os não-vaiṣṇavas costumam negligenciar a importância de render­-se a um mestre espiritual que esteja em uma linha autorizada de suces­são discipular. Confiando, em vez disso, em suas próprias capacidades, yogīs e jñānīs orgulhosos exibem seu aparente sucesso para impres­sionar o mundo, mas a glória deles é apenas temporária:

yuñjānānām abhaktānāṁ
prāṇāyāmādibhir manaḥ
akṣīṇa-vāsanaṁ rājan
dṛśyate punar utthitam

“A mente dos não-devotos que se empenham em práticas tais como prāṇāyāma não está completamente livre dos desejos materiais. Por isso, ó rei, veem-se surgir outra vez na mente deles os desejos ma­teriais.” (Śrīmad-Bhāgavatam 10.51.60)

Por outro lado, um humilde e resoluto devoto do Senhor Viṣṇu e dos vaiṣṇavas tem garantia de vitória fácil sobre a mente obstinada. Ele não precisa se preocupar em praticar o sistema óctuplo de yoga nem tomar outras medidas similares para manter sua mente estável. Sarvaṁ caitad gurau bhaktyā puruṣo hy añjasā jayet: “A pessoa pode facilmente obter todas estas metas pelo simples fato de ser devotado a seu mestre espiritual.” Em vez disso, um não-devoto pode conquistar os sentidos e o ar vital e, mesmo assim, deixar de domar a mente, que continuará a correr sem controle como um cavalo selva­gem. Ele sofrerá interminável ansiedade em sua penosa execução de várias práticas espirituais e, no final, continuará tão perdido no vasto oceano material quanto sempre esteve. A analogia dada aqui é muito apropriada: Um grupo de mercadores que sai às pressas em uma viagem por mar com a expectativa de obter grande lucro, mas deixa de con­tratar um timoneiro experiente para o barco, simplesmente experimentará grande dificuldade.

O Bhāgavatam declara a importância do mestre espiritual autênti­co em muitas passagens, tais como neste verso do décimo primeiro canto (20.17):

nṛ-deham ādyam su-labhaṁ su-durlabhaṁ
plavaṁ su-kalpaṁ guru-karṇa-dhāram
mayānukūlena nabhasvateritaṁ
pumān bhavābdhiṁ na taret sa ātma-hā

“O corpo humano, que pode conceder todo o benefício da vida, é obtido automaticamente pelas leis da natureza, embora seja uma con­quista muito rara. Pode-se comparar este corpo humano a um barco perfeitamente construído que tem o mestre espiritual como capitão e as instruções da Personalidade de Deus como ventos favoráveis impelindo-o em seu curso. Considerando todas essas vantagens, o ser humano que não utiliza sua vida para atravessar o oceano da existên­cia material deve ser considerado o matador da própria alma.” Por­tanto, o primeiro dever de alguém que leve a sério a vida humana é encontrar um mestre espiritual que possa guiá-lo na consciência de Kṛṣṇa.

Śrīla Śrīdhara Svāmī ora:

yadā parānanda-guro bhavat-pade
padaṁ mano me bhagaval labheta
tadā nirastākhila-sādhana-śramaḥ
śrayeya saukhyaṁ bhavataḥ kṛpātaḥ

“Ó guru transcendentalmente bem-aventurado, quando minha mente encontrar enfim um lugar a teus pés de lótus, todo o cansativo esfor­ço de minhas práticas espirituais terminará, e experimentarei a mais intensa felicidade por tua misericórdia.”

« Previous Next »