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VERSO 34

svajana-sutātma-dāra-dhana-dhāma-dharāsu-rathais
tvayi sati kiṁ nṛṇām śrayata ātmani sarva-rase
iti sad ajānatāṁ mithunato rataye caratāṁ
sukhayati ko nv iha sva-vihate sva-nirasta-bhage

svajana — com servos; suta — filhos; ātma — corpo; dāra — espo­sa; dhana — dinheiro; dhāma — lar; dharā — terra; asu — vitalidade; rathaiḥ — e veículos; tvayi — quando Vós; sati — tornastes-Vos; kim — que (utilidade); nṛṇām — para seres humanos; śrayataḥ — que estão se abrigando; ātmani — seu próprio Eu; sarva-rase — a personificação de todos os prazeres; iti — assim; sat — a verdade; ajānatām — para aqueles que não conseguem apreciar; mithunataḥ — de combinações sexuais; rataye — para o gozo dos sentidos; caratām — executando; sukhaya­ti — concede felicidade; kaḥ — o que; nu — absolutamente; iha — neste (mundo); sva — por sua própria natureza; vihate — que está sujeito à destruição; sva — por sua própria natureza; nirasta — que é desprovido; bhage — de qualquer essência.

Para aqueles que se refugiam em Vós, revelais-Vos como a Superalma, a personificação de todo o prazer transcendental. De que servem para tais devotos seus servos, filhos, corpos, espo­sas, dinheiro, casas, terra, boa saúde ou veículos? E para aqueles que não conseguem apreciar a verdade sobre Vós e continuam atrás dos prazeres da vida sexual, o que poderia haver em todo este mundo – um lugar inerentemente condenado à destruição e destituído de significado – que lhes pudesse dar verdadeira felicidade?

SIGNIFICADO—O serviço devocional ao Senhor Viṣṇu é considerado puro quando o único desejo da pessoa é agradar ao Senhor. Situado nessa consciên­cia perfeita, um vaiṣṇava não tem mais interesse em ganhos munda­nos e, assim, está isento da obrigação de executar quaisquer sacrifícios ritualísticos e de seguir práticas austeras de yoga. Como declara a Muṇḍaka Upaniṣad (1.2.12):

parīkṣya lokān karma-citān brāhmaṇo
nirvedam āyān nāsty akṛtaḥ kṛtena

“Quando um brāhmaṇa reconhece que a elevação aos planetas celestiais não passa de outra forma de acúmulo de karma, ele se torna renunciado e não mais se corrompe por suas ações.” A Bṛhad­āraṇyaka Upaniṣad (4.4.9) e a Kaṭha Upaniṣad (6.14) confirmam:

yadā sarve pramucyante
kāmā ye ’sya hṛdi śritāḥ
atha martyo ’mṛto bhavaty
atra brahma samaśnute

“Quando abandona por completo todos os desejos pecaminosos que abriga em seu coração, a pessoa troca a mortalidade pela vida espi­ritual eterna e alcança o verdadeiro prazer na Verdade Absoluta.” E a Gopāla-tāpanī Upaniṣad (Pūrva 15) conclui, bhaktir asya bhajanaṁ tad ihāmutropādhi-nairāsyenāmuṣmin manaḥ-kalpanam etad eva naiṣkarmyam: “Serviço devocional é o processo de adorar o Senhor Supremo. Ele consiste em fixar a própria mente nEle por tornar-se desinteressado de todas as designações materiais, tanto nesta vida quanto na próxima. Isso, de fato, é verdadeira renúncia.”

Os itens mencionados aqui pelos śrutis são todos medidas de avaliação do sucesso mundano: svajanāḥ, servos; ātmā, um belo corpo; sutāḥ, filhos de quem se orgulhar; dārāḥ, uma esposa atraente e competente; dhanam, ativos financeiros; dhāma, uma residência prestigiosa; dharā, posse de terras; asavaḥ, saúde e força, e rathāḥ, carros e outros veículos que exibem o status de alguém. Mas quem começou a experimentar o êxtase do serviço devocional perde toda a atração por essas coisas, pois encontra verdadeira satisfação no Senhor Supremo, o reservatório de todo o prazer, que desfruta partilhando Seus próprios prazeres com Seus servos.

Todos nós somos livres para escolher o rumo de nossa vida: po­demos ou dedicar nosso corpo, mente, palavras, talento e riqueza à glória de Deus, ou ignorá-lO e, em vez disso, lutar por nossa felicidade pessoal. O segundo caminho leva a uma vida de escravi­dão ao sexo e à ambição, na qual a alma nunca encontra verdadeira satisfação, senão que sofre continuamente. Os vaiṣṇavas ficam aflitos ao ver os materialistas sofrendo dessa maneira e, por isso, sempre se esforçam por iluminá-los.

Śrīla Śrīdhara Svāmī ora:

bhajato hi bhavān sākṣāt
paramānanda-cid-dhanaḥ
ātmaiva kim ataḥ kṛtyaṁ
tuccha-dāra-sutādibhiḥ

“Para aqueles que Vos adoram, tornais-Vos o seu próprio Eu e o te­souro espiritual da máxima bem-aventurança deles. De que lhes ser­vem esposas mundanas, filhos mundanos etc.?”

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