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VERSO 35

bhuvi puru-puṇya-tīrtha-sadanāny ṛṣayo vimadās
ta uta bhavat-padāmbuja-hṛdo ’gha-bhid-aṅghri-jalāḥ
dadhati sakṛn manas tvayi ya ātmani nitya-sukhe
na punar upāsate puruṣa-sāra-harāvasathān

bhuvi — na Terra; puru — muito; puṇya — piedosos; tīrtha — lugares de peregrinação; sadanāni — e moradas pessoais do Senhor Supremo; ṛṣayaḥ — sábios; vimadāḥ — livres de orgulho falso; te — eles; uta — de fato; bhavat — Vossos; pada — pés; ambuja — lótus; hṛdaḥ — em cujos corações; agha — pecados; bhit — que destrói; aṅghri — (tendo banhado) cujos pés; jalāḥ — a água; dadhati — voltam; sakṛt — ao menos uma vez; manaḥ — suas mentes; tvayi — para Vós; ye — que; ātmani — para a Alma Suprema; nitya — sempre; sukhe — quem é feliz; na punaḥ — nunca mais; upāsate — adoram; puruṣa — de um homem; sāra — as qualidades essenciais; hara — que roubam; āvasathān — seus lares mundanos.

Os sábios livres de falso orgulho vivem nesta Terra a frequen­tar os locais sagrados de peregrinação e aqueles lugares onde o Senhor Supremo exibiu Seus passatempos. Porque esses devotos conservam Vossos pés de lótus em seus corações, a água que lava seus pés destrói todos os pecados. Qualquer um que ao menos uma vez volta sua mente para Vós, a sempre bem-aventurada Alma de toda a existência, não mais se dedica a servir a vida fa­miliar no lar, o que simplesmente rouba as boas qualidades de um homem.

SIGNIFICADO—A qualificação de um aspirante a sábio é que ele aprendeu sobre a Verdade Absoluta com autoridades padrão e desenvolveu uma sóbria atitude de renúncia. Para desenvolver sua capacidade de discriminar o importante do que é sem importância, tal pessoa costuma vagar de um lugar sagrado para outro, aproveitando-se da companhia das grandes almas que frequentam esses lugares ou neles residem. Se, no decurso de suas viagens, o aspirante a sábio puder começar a perceber os pés de lótus do Senhor Supremo no âmago de seu coração, ele ficará livre da ilusão do falso ego e do doloroso cativeiro de luxúria, inveja e cobiça. Embora ele ainda possa ir aos lugares de peregrina­ção para banhar-se e, assim, livrar-se de seus pecados, o sábio já pu­rificado tem o poder de santificar os outros com a água que lava seus pés e com as instruções que transmite após tê-las vivenciado. Semelhante sábio é descrito na Muṇḍaka Upaniṣad (2.2.9):

bhidyate hṛdaya-granthiś
chidyante sarva-saṁśayāḥ
kṣīyante cāsya karmāṇi
tasmin dṛṣṭe parāvare

“O nó no coração é desfeito, as apreensões são cortadas em pedaços e a cadeia de ações fruitivas se acaba quando alguém vê o Senhor Supremo em toda parte, dentro de todos os seres superiores e inferiores.” Aos sábios que alcançaram essa fase, a Muṇḍaka Upaniṣad (3.2.11) assim presta homenagem, namaḥ paramarṣibhyaḥ, namaḥ paramarṣibhyaḥ: “Reverências aos elevadíssimos sábios, reverên­cias aos elevadíssimos sábios!”

Deixando de lado a afetuosa companhia de esposas, filhos, amigos e seguidores, os santos vaiṣṇavas viajam aos dhāmas sagrados onde se pode efetuar a adoração ao Senhor Supremo com mais sucesso – lugares como Vṛndāvana, Māyāpur e Jagannātha Purī, ou qual­quer outro lugar onde se reúnam devotos sinceros do Senhor Viṣṇu. Mesmo aqueles vaiṣṇavas que não aceitaram sannyāsa e ainda moram em casa ou no āśrama do guru, mas que alguma vez saborearam ao menos uma gota do prazer sublime do serviço devocional, também terão pouca inclinação a meditar nos prazeres de uma vida familiar materialista, que priva o homem de seu discernimento, determinação, sobriedade, tolerância e paz de espírito.

Śrīla Śrīdhara Svāmī ora:

muñcann aṅga tad aṅga-saṅgam aniśaṁ tvām eva sañcintayan
santaḥ santi yato yato gata-madās tān āśramān āvasan
nityaṁ tan-mukha-paṅkajād vigalita-tvat-puṇya-gāthāmṛta-
srotaḥ-samplava-sampluto nara-hare na syām ahaṁ deha-bhṛt

“Meu querido Senhor, quando eu abandonar todo o gozo dos sentidos e me ocupar incessantemente em meditar em Vós, e quando fixar residência nos eremitérios dos devotos santos e livres de falso orgulho, então ficarei completamente imerso na inundação de néctar que verte das bocas de lótus dos devotos enquanto eles cantam histórias sagra­das sobre Vós. E então, ó Senhor Narahari, jamais voltarei a nascer em um corpo material.”

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