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VERSO 37

na yad idam agra āsa na bhaviṣyad ato nidhanād
anu mitam antarā tvayi vibhāti mṛṣaika-rase
ata upamīyate draviṇa-jāti-vikalpa-pathair
vitatha-mano-vilāsam ṛtam ity avayanty abudhāḥ

na — não; yat — porque; idam — este (universo); agre — no começo; āsa — existia; na bhaviṣyat — não existirá; ataḥ — daqui; nidhanāt anu — depois de sua aniquilação; mitam — deduzido; antarā — no meio tempo; tvayi — dentro de Vós; vibhāti — parece; mṛṣā — falso; ekarase — cuja experiência de êxtase espiritual é imutável; ataḥ — assim; upamīyate — entende-se por comparação; draviṇa — de substância material; jāti — nas categorias; vikalpa — das transformações; pathaiḥ — com as variedades; vitatha — contrária ao fato; manaḥ — da mente; vilāsam — fantasia; ṛtam — real; iti — assim; avayanti — pensam; abudhāḥ — os ininteligentes.

Visto que este universo não existia antes de sua criação e não existirá mais depois de sua aniquilação, concluímos que, neste ínterim, ele não é mais do que uma manifestação que se imagina ser visível dentro de Vós, cujo prazer espiritual jamais muda. Comparamos este universo à transformação de várias substâncias materiais em diversas formas. Com certeza aqueles que acredi­tam que esta invenção da imaginação é substancialmente real são menos inteligentes.

SIGNIFICADO—Tendo assim derrotado todas as tentativas dos ritualistas de provar a realidade substancial da criação material, os Vedas personificados agora apresentam uma evidência positiva do contrário – que este mundo é irreal por ser temporário. Antes da criação do universo e depois de sua dissolução, apenas a realidade espiritual do Senhor Supremo, juntamente com Sua morada e séquito, continuam a existir. Os śrutis confirmam isso, ātmā va idam eka evāgra āsīt: “Antes da criação deste universo, apenas o Eu existia.” (Aitareya Upaniṣad 1.1) Nāsad āsīn no sad āsīt tadānīm: “Naquele tempo, nem os aspectos sutis da matéria nem os grosseiros estavam presentes.” (Ṛg Veda 10.129.1)

Pode-se entender a relatividade da criação mediante uma analogia. Quando materiais básicos como argila e metal são processados e recebem a forma de vários produtos, os objetos criados existem separadamente da argila e do metal apenas em nome e forma. A substância básica permanece inalterada. Analogamente, quando as energias do Senhor Supremo se transformam nas coisas conhecidas deste mundo, essas coisas existem à parte dEle apenas em nome e forma. Na Chāndo­gya Upaniṣad (6.1.4-6), o sábio Udālaka explica a seu filho uma analogia semelhante, yathā saumyaikena mṛtpiṇḍena sarvaṁ mṛn-mayaṁ vijñātam syād vācārambhaṇaṁ vikāro nāmadheyaṁ mṛttikety eva satyam: “Por exemplo, meu caro menino, por se compreender um único bloco de argila, pode-se compreender tudo o que é feito de argila. A existência de produtos transformados não passa de uma criação da linguagem, uma questão de atribuir designações: apenas a ar­gila é real.”

Em conclusão, não existe prova convincente de que as coisas deste mundo sejam eternas ou substanciais, ao passo que há esmagadora prova de que são temporárias e condicionadas por designações falsas. Portanto, apenas os ignorantes podem tomar como reais as permutações imaginárias da matéria.

Śrīla Śrīdhara Svāmī ora:

mukuṭa-kuṇḍala-kaṅkaṇa-kiṅkiṇī-
pariṇataṁ kanakaṁ paramārthataḥ
mahad-ahaṅkṛti-kha-pramukhaṁ tathā
nara-harer na paraṁ paramārthataḥ

“Transformações do ouro tais como coroas, brincos, pulseiras e guizos de tornozelo, em última análise, não são separadas do próprio ouro. De modo semelhante, os elementos materiais – encabeçados pelo mahat, o falso ego e o éter – não são, em última análise, separados do Senhor Narahari.”

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