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VERSO 38

sa yad ajayā tv ajām anuśayīta guṇāṁś ca juṣan
bhajati sarūpatāṁ tad anu mṛtyum apeta-bhagaḥ
tvam uta jahāsi tām ahir iva tvacam ātta-bhago
mahasi mahīyase ’ṣṭa-guṇite ’parimeya-bhagaḥ

saḥ — ele (o ser vivo individual); yat — porque; ajayā — pela influência da energia material; tu — mas; ajām — aquela energia material; anuśayīta — repousa perto; guṇān — suas qualidades; ca — e; juṣan — as­sumindo; bhajati — aceita; sa-rūpatām — formas semelhantes (às qua­lidades da natureza); tat-anu — seguindo-se a isso; mṛtyum — a morte; apeta — privado; bhagaḥ — de seus bens; tvam — Vós; uta — por outro lado; jahāsi — deixais de lado; tām — a ela (a energia material); ahiḥ — uma cobra; iva — como se; tvacam — sua pele (velha e abandonada); ātta-bhagaḥ — dotado de todos os bens; mahasi — em Vossos poderes espirituais; mahīyase — sois glorificado; aṣṭa-guṇite — óctupla; apari­meya — ilimitada; bhagaḥ — cuja grandeza.

A natureza material ilusória incita o diminuto ser vivo a abraçá-la, e, como resultado, ele assume formas compostas de suas qua­lidades. Subsequentemente, ele perde todas as suas qualidades espirituais e tem de sujeitar-se a repetidas mortes. Vós, toda­via, evitais a energia material da mesma maneira que uma cobra abandona sua pele velha. Glorioso em Vossa posse das oito perfeições místicas, Vós desfrutais ilimitadas opulências.

SIGNIFICADO—Embora a jīva seja espírito puro, igual em qualidade ao Senhor Supremo, ela está inclinada a se degradar por abraçar a ignorância da ilusão material. Quando fica encantada pelas seduções de māyā, ela aceita corpos e sentidos que são planejados para deixá-la desfrutar em esquecimento. Produzidos da matéria-prima dos três modos de māyā – bondade, paixão e ignorância –, esses corpos envolvem a alma espiritual em variedades de infelicidade, que culminam em morte e renascimento.

A Alma Suprema e a alma individual partilham da mesma natureza espiritual, mas a Alma Suprema não pode ser aprisionada pela ignorância como Sua companheira infinitesimal. A fumaça pode ofuscar o brilho de uma pequena esfera de cobre derretido, envolvendo sua luz em escuridão, mas o vasto globo solar jamais sofrerá a mesma espécie de eclipse. Māyā, afinal, é a fiel serva da Personalidade de Deus, a expansão externa de Sua potência interna, yogamāyā. O Śrī Nārada Pañcarātra afirma o seguinte em uma conversa entre Śruti e Vidyā:

asyā āvarikā-śaktir
mahā-māyākhileśvarī
yayā mugdhaṁ jagat sarvaṁ
sarve dehābhimāninaḥ

“A potência encobridora proveniente dela é mahāmāyā, o regulador de tudo o que é material. O universo inteiro fica perplexo por causa dela, e assim todo ser vivo se identifica falsamente com o corpo ma­terial.”

Assim como uma cobra se desfaz de sua pele velha, sabendo que esta não é parte de sua identidade essencial, do mesmo modo o Senhor Supremo sempre evita Sua energia material externa. Não há insuficiência nem limite para qualquer uma de Suas oito opulências místicas, que consistem em aṇimā (o poder de tornar-se infinitesi­mal), mahimā (a capacidade de tornar-se infinitamente grande) etc. Portanto, a sombra da escuridão material não tem nenhuma possibi­lidade de entrar no domínio de Suas glórias resplandecentes e inigua­láveis.

Por causa daqueles cuja compreensão da vida espiritual está apenas despertando aos poucos, as Upaniṣads às vezes falam em termos gerais de ātmā ou Brahman, sem distinguir abertamente a diferença entre a alma superior e a inferior, o Paramātmā e a jivātmā. Contudo, descrevem essa dualidade em termos inequívocos com muita frequência:

dvā suparṇā sayujā sakhāyā
samānaṁ vṛkṣaṁ pariṣasvajāte
tayor anyaḥ pippalaṁ svādv atty
anaśnann anyo ’bhicākaśīti

“Duas aves companheiras estão pousadas juntas na mesma árvore pippala. Uma delas saboreia os frutos da árvore, enquanto a outra se abstém de comer e, em vez disso, observa Seu amigo.” (Śvetāśvatara Upaniṣad 4.6) Nesta analogia, as duas aves são a alma e a Superalma, a árvore é o corpo, e o sabor dos frutos são as variedades de prazer dos sentidos.

Śrīla Śrīdhara Svāmī ora:

nṛtyantī tava vīkṣaṇāṅgaṇa-gatā kāla-svabhāvādibhir
bhāvān sattva-rajas-tamo-guṇa-mayān unmīlayantī bahūn
mām ākramya padā śirasy ati-bharaṁ sammardayanty āturaṁ
māyā te śaraṇaṁ gato ’smi nṛ-hare tvām eva tāṁ vāraya

“O olhar que lançais a Vossa consorte engloba o tempo, as propen­sões materiais das entidades vivas etc. Esse olhar dança sobre o rosto dela e, dessa maneira, desperta a multidão de entidades criadas, que nascem nos modos da bondade, paixão e ignorância. Ó Senhor Nṛhari, Vossa māyā colocou seu pé em minha cabeça e está pisando nela com muita força, causando-me grande aflição. Agora, vim até Vós em busca de refúgio. Por favor, fazei-a desistir.”

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