VERSOS 8-9
śayānaṁ śriya utsaṅge
padā vakṣasy atāḍayat
tata utthāya bhagavān
saha lakṣmyā satāṁ gatiḥ
sva-talpād avaruhyātha
nanāma śirasā munim
āha te svāgataṁ brahman
niṣīdātrāsane kṣaṇam
ajānatām āgatān vaḥ
kṣantum arhatha naḥ prabho
śayānam — que estava deitado; śriyaḥ — da deusa da fortuna; utsaṅge — no colo; padā — com seu pé; vakṣasi — Seu peito; atāḍayat — chutou; tataḥ — então; utthāya — levantando-Se; bhagavān — a Personalidade de Deus; saha lakṣmyā — juntamente com a deusa Lakṣmī; satām — dos devotos puros; gatiḥ — o destino; sva — dEle; talpāt — da cama; avaruhya — descendo; atha — então; nanāma — prostrou-Se; śirasā — com Sua cabeça; munim — ao sábio; āha — Ele disse; te — a ti; su-āgatam — bem-vindo; brahman — ó brāhmaṇa; niṣīda — por favor, senta-te; atra — neste; āsane — assento; kṣaṇam — por um momento; ajānatām — que não percebemos; āgatān — chegada; vaḥ — de vós; kṣantum — de perdoar; arhatha — deves fazer o favor; naḥ — a nós; prabho — ó mestre.
Chegando lá, ele foi até o Senhor Supremo, que estava deitado com Sua cabeça no colo de Sua consorte, Śrī, e chutou-Lhe o peito. O Senhor, então, levantou-Se, juntamente com a deusa Lakṣmī, em sinal de respeito. Descendo da cama, aquela meta suprema de todos os devotos puros prostrou-Se diante do sábio e disse-lhe: “Sê bem-vindo, brāhmaṇa. Por favor, senta-te nesta cadeira e descansa um pouco. Tem a bondade de perdoar-nos, caro senhor, por não termos notado a tua chegada.”
SIGNIFICADO—Segundo Śrīla Jīva Gosvāmī, na época desse passatempo, Bhṛgu Muni ainda não se tornara um vaiṣṇava puro; de outro modo, ele não teria agido de forma tão imprudente com o Senhor Supremo. O Senhor Viṣṇu não estava apenas descansando, senão que estava deitado com a cabeça no colo de Sua esposa. O fato de Bhṛgu golpeá-lO naquela posição – e não com a mão, mas com o pé – foi pior do que qualquer outra ofensa que Bhṛgu pudesse ter imaginado.
Śrīla Prabhupāda comenta: “Evidentemente, o Senhor Viṣṇu é completamente misericordioso. Ele não ficou irado com as atividades de Bhṛgu Muni, pois esse era um grande brāhmaṇa. Um brāhmaṇa deve ser perdoado mesmo que às vezes cometa uma ofensa, e o Senhor Viṣṇu deu o exemplo. Porém, afirma-se que, desde a época deste incidente, a deusa da fortuna, Lakṣmī, não se mostra muito bem disposta em relação aos brāhmaṇas, e, porque a deusa da fortuna nega-lhes as suas bênçãos, os brāhmaṇas em geral são muito pobres.”