VERSO 19
tatraikāvayavaṁ dhyāyed
avyucchinnena cetasā
mano nirviṣayaṁ yuktvā
tataḥ kiñcana na smaret
padaṁ tat paramaṁ viṣṇor
mano yatra prasīdati
tatra — em seguida; eka — um por um; avoyavam — membros do corpo; dhyāyet — devem ser objeto de concentração; avyucchinnena — sem se desviar da forma completa; cetasā — pela mente; manaḥ — mente; nirviṣayam — sem se deixar contaminar pelos objetos dos sentidos; yuktvā — ajustando-se; tataḥ — depois disso; kiñcana — coisa alguma; na — não; smaret — pensa em; padam — personalidade; tat — esta; paramam — Supremo; viṣṇoḥ — do Viṣṇu; manaḥ — a mente; yatra — em consequência do que; prasīdati — reconcilia-se.
Em seguida, deves meditar nos membros de Viṣṇu, um após outro, sem te desviares do conceito do corpo completo. Assim, a mente se torna livre de todos os objetos dos sentidos. Não se deve pensar em nenhuma outra coisa. Porque a Suprema Personalidade de Deus, Viṣṇu, é a Verdade última, a mente obtém completa harmonia apenas com Ele.
SIGNIFICADO—As pessoas tolas, desorientadas pela energia externa de Viṣṇu, não sabem que a meta última da busca progressiva da felicidade é entrar em contato direto com Viṣṇu, a Personalidade de Deus. Viṣṇu-tattva é uma expansão ilimitada das diferentes formas transcendentais da Personalidade de Deus, e a forma original ou suprema do viṣṇu-tattva é Govinda, ou o Senhor Kṛṣṇa, a suprema causa de todas as causas. Portanto, quando o assunto é meditação, pensar em Viṣṇu ou meditar na forma transcendental de Viṣṇu, em especial no Senhor Kṛṣṇa, é a última palavra. Pode-se começar esta meditação a partir dos pés de lótus do Senhor. Entretanto, ninguém deve esquecer-se ou desviar-se da forma completa do Senhor; por isso, é bom aprender a meditar nas diferentes partes de Seu corpo transcendental, uma após outra. Aqui neste verso, assegura-se definitivamente que o Senhor Supremo não é impessoal. Ele é uma pessoa cujo corpo é diferente dos corpos das pessoas condicionadas como nós. Caso contrário, Śukadeva Gosvāmī não recomendaria que, para alcançar completa perfeição espiritual, a pessoa começasse a meditar no praṇava (oṁkāra) e prosseguisse meditando nos membros do corpo do próprio Viṣṇu. Diferentemente do que interpreta uma classe de homens dotada de um pobre fundo de conhecimento, as formas de Viṣṇu adoradas em grandes templos da Índia não são, portanto, elementos de idolatria; ao contrário, são diferentes representações espirituais que servem para ajudar a meditar nos membros transcendentais do corpo de Viṣṇu. A potência inconcebível do Senhor torna idêntica ao Senhor Viṣṇu a Deidade que é adorada no templo de Viṣṇu. Portanto, este processo ensinado nas escrituras reveladas, segundo o qual o neófito que vai ao templo concentra-se ou medita nas formas de Viṣṇu, é uma boa oportunidade de meditação oferecida às pessoas que não conseguem ficar no mesmo lugar sentadas fixamente para depois concentrarem-se no praṇava oṁkāra ou nos membros do corpo de Viṣṇu, como recomenda aqui Śukadeva Gosvāmī, a grande autoridade. O homem comum pode obter maior proveito meditando na forma de Viṣṇu presente no templo do que no oṁkāra, a combinação espiritual de a-u-m, como se explicou antes. Não há diferença entre o oṁkāra e as formas de Viṣṇu, mas as pessoas que não estão familiarizadas com a ciência da Verdade Absoluta tentam criar uma cisão, diferenciando entre a forma de Viṣṇu e a do oṁkāra. Aqui se indica que a forma de Viṣṇu é a meta última da meditação, e, nesse caso, é melhor concentrar-se nas formas de Viṣṇu do que no oṁkāra impessoal. O último processo também é mais difícil que o anterior.