VERSOS 37-40
prajā-patīn manūn devān
ṛṣīn pitṛ-gaṇān pṛthak
siddha-cāraṇa-gandharvān
vidyādhrāsura-guhyakān
kinnarāpsaraso nāgān
sarpān kimpuruṣān narān
mātṝ rakṣaḥ-piśācāṁś ca
preta-bhūta-vināyakān
kūṣmāṇḍonmāda-vetālān
yātudhānān grahān api
khagān mṛgān paśūn vṛkṣān
girīn nṛpa sarīsṛpān
dvi-vidhāś catur-vidhā ye ’nye
jala-sthala-nabhaukasaḥ
kuśalākuśalā miśrāḥ
karmaṇāṁ gatayas tv imāḥ
prajā-patīn — Brahmā e seus filhos, como Dakṣa e outros; manūn — os chefes periódicos, como Vaivasvata Manu; devān — como Indra, Candra e Varuṇa; ṛṣīn — como Bhṛgu e Vasiṣṭha; pitṛ-gaṇān — os habitantes dos planetas Pitā; pṛthak — separadamente; siddha — os habitantes do planeta Siddha; cāraṇa — os habitantes do planeta Cāraṇa; gandharvān — os habitantes dos planetas Gandharva; vidyādhra — os habitantes do planeta Vidyādhara; asura — os ateístas; guhyakān — os habitantes do planeta Yakṣa; kinnara — os habitantes do planeta Kinnara; apsarasaḥ — os belos anjos do planeta Apsarā; nāgān — os habitantes serpentiformes de Nāgaloka; sarpān — os habitantes de Sarpaloka (serpentes); kimpuruṣān — os habitantes do planeta Kimpuruṣa, que possuem forma de macaco; narān — os habitantes da Terra; mātṝ — os habitantes de Mātṛloka; rakṣaḥ — os habitantes do planeta demoníaco; piśācān — os habitantes de Piśācaloka; ca — também; preta — os habitantes de Pretaloka; bhūta — os maus espíritos; vināyakān — os duendes; kūṣmāṇḍa — fogo-fátuo; unmāda — lunáticos; vetālān — os gênios; yātudhānān — uma determinada espécie de mau espírito; grahān — as estrelas boas e más; api — também; khagān — as aves; mṛgān — os animais selvagens; paśūn — os animais domésticos; vṛkṣān — os fantasmas; girīn — as montanhas; nṛpa — ó rei; sarīsṛpān — répteis; dvi-vidhāḥ — as entidades vivas móveis e inertes; catuḥ-vidhāḥ — entidades vivas nascidas de embriões, ovos, transpiração e sementes; ye — outros; anye — todos; jala — água; sthala — terra; nabha-okasaḥ — pássaros; kuśala — na felicidade; akuśalāḥ — na aflição; miśrāḥ — na mistura de felicidade e aflição; karmaṇām — segundo suas próprias ações passadas; gatayaḥ — como resultado de; tu — mas; imāḥ — todas elas.
Ó rei, informo-te que todas as entidades vivas são criadas pelo Senhor Supremo conforme suas ações passadas. Isso inclui Brahmā e seus filhos, como Dakṣa; os chefes periódicos, como Vaivasvata Manu; os semideuses, como Indra, Candra e Varuṇa; os grandes sábios, como Bhṛgu, Vyāsa e Vasiṣṭha; os habitantes de Pitṛloka e Siddhaloka; os Cāraṇas, os Gandharvas, os Vidyādharas, os Asuras, os Yakṣas, os Kinnaras e os anjos; os entes serpentiformes, os simiescos Kimpuruṣas, os seres humanos, os habitantes de Mātṛloka, os demônios, as Piśācas, os fantasmas, os espíritos, os lunáticos e os espíritos malignos; as boas e más estrelas, os gnomos, os animais da floresta, as aves, os animais domésticos, os répteis, as montanhas, as entidades vivas móveis e inertes, as entidades vivas nascidas de embriões, ovos, transpiração e sementes, e todas as outras, quer estejam na água, na terra ou no céu, sintam felicidade, aflição ou uma mistura de ambas. Todas elas, conforme suas ações passadas, são criadas pelo Senhor Supremo.
SIGNIFICADO—As diferentes variedades de entidades vivas são mencionadas nesta lista, e sem nenhuma exceção, do planeta mais alto até o planeta mais baixo do universo, todas elas, nas diversas espécies de vida, são criadas por Viṣṇu, o Pai Todo-Poderoso. Por conseguinte, ninguém é independente da Suprema Personalidade de Deus. No seguinte verso da Bhagavad-gītā (14.4), o Senhor, portanto, classifica todas as entidades vivas como Sua progênie:
sarva-yoniṣu kaunteya
mūrtayaḥ sambhavanti yāḥ
tāsāṁ brahma mahad yonir
ahaṁ bīja-pradaḥ pitā
A natureza material compara-se à mãe. Embora se saiba que cada ser vivo sai do corpo da mãe, é um fato que a mãe não é a causa última desse nascimento. O pai é a causa última do nascimento. Sem a semente do pai, nenhuma mãe pode dar à luz um filho. Portanto, as entidades vivas, nas diferentes variedades de formas e posições dentro dos inumeráveis universos, todas nascem das sementes do Pai Todo-Poderoso, a Personalidade de Deus, e só o homem com um pobre fundo de conhecimento tem a impressão de que elas nascem da natureza material. Estando sob a energia material do Senhor Supremo, todas as entidades vivas, a começar de Brahmā e indo até a insignificante formiga, manifestam-se em diferentes corpos conforme seus feitos passados.
A natureza material é uma das energias do Senhor (Bhagavad-gītā 7.4). A natureza material é inferior em comparação com as entidades vivas, a natureza superior. As naturezas superior e inferior do Senhor combinam-se para manifestar todos os afazeres universais.
Em melhores condições de vida, algumas das entidades vivas são relativamente felizes, ao passo que outras vivem em aflição. Na verdade, entretanto, nenhuma delas é verdadeiramente feliz na vida material condicionada. Ninguém pode estar feliz com a vida na prisão, embora alguém seja um prisioneiro de primeira classe e outrem seja um prisioneiro de terceira classe. A pessoa inteligente não deve tentar ser promovida da prisão de terceira classe para a prisão de primeira classe, senão que deve tentar livrar-se definitivamente da prisão. Alguém pode ser promovido a prisioneiro de primeira classe, mas, na etapa seguinte, o mesmo prisioneiro de primeira classe é outra vez degradado a prisioneiro de terceira classe. Todos devem tentar livrar-se da vida na prisão e voltar ao lar, voltar ao Supremo. Essa é a verdadeira meta para todas as espécies de entidades vivas.