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VERSO 13

bhūyo namaḥ sad-vṛjina-cchide ’satām
asambhavāyākhila-sattva-mūrtaye
puṁsāṁ punaḥ pāramahaṁsya āśrame
vyavasthitānām anumṛgya-dāśuṣe

bhūyaḥ — novamente; namaḥ — minhas reverências; sat — dos devotos ou dos piedosos; vṛjina — aflições; chide — o libertador; asatām — dos ateístas, os demônios não-devotos; asambhavāya — cessação da infelicidade persistente; akhila — completa; sattva — bondade; mūrtaye — à Personalidade; puṁsām — dos transcendentalistas; punaḥ — novamente; pāramahaṁsye — a fase de máxima perfeição espiritual; āśrame — na posição; vyavasthitānām — especificamente situados; anumṛgya — o destino; dāśuṣe — aquele que distribui.

Volto a oferecer minhas respeitosas reverências à forma de existência e transcendência completa, que liberta de todas as aflições os devotos piedosos e que impede os demônios não-devotos de continuarem avançando em temperamento ateísta. Para os transcendentalistas que estão situados na máxima perfeição espiritual, Ele concede seus destinos específicos.

SIGNIFICADO—O Senhor Śrī Kṛṣṇa é a forma completa de toda a existência, tanto material quanto espiritual. Akhila significa completo, ou aquilo que não é khila, inferior. Como afirma a Bhagavad-gītā, há duas classes de natureza (prakṛti), a saber, a natureza material e a natureza espiritual, ou as potências externa e interna do Senhor. A natureza material chama-se aparā, ou inferior, e a natureza espiritual chama-se superior, ou transcendental. Portanto, a forma do Senhor não pertence à natureza material inferior. Ele é completa transcendência. E Ele é mūrti, ou possuidor de forma transcendental. Os homens menos inteligentes, que não conhecem Sua forma transcendental, descrevem-nO como Brahman impessoal. Mas o Brahman são apenas os raios de Seu corpo transcendental (yasya prabhā). Os devotos, que conhecem Sua forma transcendental, prestam-Lhe serviço; portanto, o Senhor, por Sua misericórdia imotivada, também reciproca e, assim, liberta de todas as aflições os Seus devotos. Os homens piedosos que seguem as regras contidas nos Vedas também Lhe são muito queridos, de modo que os homens piedosos deste mundo também são protegidos por Ele. Os ímpios e os não-devotos opõem-se aos princípios dos Vedas, daí sempre se impedir que essas pessoas avancem em suas atividades nefastas. Algumas delas, especialmente favorecidas pelo Senhor, são mortas por Ele mesmo, como foi o caso de Rāvaṇa, Hiraṇyakaśipu e Kaṁsa, e, assim, esses demônios obtêm a salvação, evitando-se que continuem progredindo em suas atividades demoníacas. Tal qual um pai bondoso, mesmo quando mostra favor a Seus devotos ou quando pune os demônios, Ele é sempre bom com todos, pois, para todas as existências individuais, Ele é a existência completa.

A fase de existência paramahaṁsa é a etapa de perfeição máxima dos valores espirituais. De acordo com Śrīmatī Kuntīdevī, só os paramahaṁsas entendem realmente o Senhor. Assim como gradualmente se passa a compreender a transcendência como o Brahman impessoal, o Paramātmā localizado e a Personalidade de Deus, Puruṣottama, o Senhor Kṛṣṇa, do mesmo modo, é gradual a promoção de alguém na vida espiritual de sannyāsa. Kuṭīcaka, bahūdaka, parivrājakācārya e paramahaṁsa são etapas progressivas graduais na ordem de vida renunciada, sannyāsa, e, em suas orações ao Senhor Kṛṣṇa (canto um, capítulo oito), a rainha Kuntīdevī, a mãe dos Pāṇḍavas, comenta sobre elas. De um modo geral, os paramahaṁsas se encontram entre os impersonalistas e os devotos, mas, segundo o Śrīmad-Bhāgavatam (como afirma claramente Kuntīdevī), o bhakti-yoga puro é compreendido pelos paramahaṁsas, e Kuntīdevī menciona especificamente que o Senhor desce (paritrāṇāya sādhūnām) em especial para outorgar bhakti-yoga aos paramahaṁsas. Assim, no verdadeiro sentido do termo, os paramahaṁsas são, em última análise, os devotos imaculados do Senhor. Śrīla Jīva Gosvāmī aceita diretamente que o destino máximo é bhakti-yoga, pelo qual a pessoa passa a prestar transcendental serviço amoroso ao Senhor. Aqueles que adotam o caminho de bhakti-yoga são paramahaṁsas de verdade.

Como o Senhor é muito bondoso com todos, os impersonalistas, que aceitam bhakti como a maneira de imergir na existência brahmajyoti impessoal do Senhor, também alcançam seu destino desejado. Ele garantiu a todos na Bhagavad-gītā (4.11): ye yathā māṁ prapadyante. De acordo com Śrīla Viśvanātha Cakravartī, há duas classes de paramahaṁsas, a saber, os brahmānandīs (impersonalistas) e os premānandīs (devotos), e a ambos se concedem seus destinos desejados, embora os premānandīs sejam mais afortunados que os brahmānandīs. Porém, tanto os brahmānandīs quanto os premānandīs são transcendentalistas, e eles nada têm a ver com a natureza material inferior, em que a vida existe repleta de sofrimentos.

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