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VERSO 14

namo namas te ’stv ṛṣabhāya sātvatāṁ
vidūra-kāṣṭhāya muhuḥ kuyoginām
nirasta-sāmyātiśayena rādhasā
sva-dhāmani brahmaṇi raṁsyate namaḥ

namaḥ namaḥ te — que eu Te ofereça minhas respeitosas reverências; astu — és; ṛṣabhāya — ao grande associado; sātvatām — dos membros da dinastia Yadu; vidūra-kāṣṭhāya — aquele que está distante dos debatedores mundanos; muhuḥ — sempre; ku-yoginām — dos não-devotos; nirasta — aniquilados; sāmya — igualdade de condição; atiśayena — pela grandeza; rādhasā — pela opulência; sva-dhāmani — em Sua própria morada; brahmaṇi — no céu espiritual; raṁsyate — desfruta; namaḥ — eu me prostro.

Que eu ofereça minhas respeitosas reverências àquele que é o associado dos membros da dinastia Yadu e que sempre é um problema para os não-devotos. Ele é o desfrutador supremo dos mundos material e espiritual, apesar do que é no céu espiritual que está Sua própria morada na qual Ele desfruta. Não existe ninguém igual a Ele porque Sua opulência transcendental é imensurável.

SIGNIFICADO—Há duas facetas das manifestações transcendentais do Senhor Supremo, Śrī Kṛṣṇa. Para os devotos puros, Ele é o companheiro constante, podendo-se mencionar o caso em que Ele Se torna um dos membros familiares da dinastia Yadu, ou em que Se torna amigo de Arjuna, e em que Se torna o vizinho que vive na companhia dos habitantes de Vṛndāvana, tais como o filho de Nanda e Yaśodā, o amigo de Sudāmā, Śrīdāmā e Madhumaṅgala, ou o amante das donzelas de Vrajabhūmi etc. Isso é parte de Seus aspectos pessoais. E, através de Seu aspecto impessoal, Ele expande os raios que constituem o brahmajyoti, que é ilimitado e onipenetrante. Parte desse brahmajyoti onipenetrante, que é comparado aos raios do Sol, é coberta pela escuridão do mahat-tattva, e essa parte insignificante é conhecida como o mundo material. Neste mundo material, existem inúmeros universos como este que podemos experimentar, e, em cada um deles, existem centenas de milhares de planetas como este que habitamos. As pessoas mundanas são mais ou menos cativadas pela expansão ilimitada dos raios do Senhor, mas os devotos estão mais interessados em Sua forma pessoal, da qual tudo emana (janmādy asya yataḥ). Assim como os raios do Sol estão concentrados no disco solar, o brahmajyoti está concentrado em Goloka Vṛndāvana, o mais elevado planeta espiritual no céu espiritual. O céu espiritual incomensurável é repleto de planetas espirituais, chamados Vaikuṇṭhas, situados muito além do céu material. Se as pessoas mundanas não têm suficiente informação sobre o céu material, então, o que podem pensar do céu espiritual? Portanto, os mundanos sempre estão muitíssimo distantes dEle. Mesmo que no futuro consigam inventar alguma máquina que possa atingir a velocidade do vento ou da mente, os mundanos continuarão sendo incapazes de chegar aos planetas do céu espiritual. Assim, o Senhor e Sua morada sempre lhes permanecerão um mito ou um problema misterioso, mas, para os devotos, o Senhor sempre está acessível como um associado.

No céu espiritual, Sua opulência é imensurável. Juntamente com Seus associados, os devotos liberados, o Senhor reside em todos os planetas espirituais, os inúmeros planetas Vaikuṇṭha, expandindo Suas porções plenárias, mas, aos impersonalistas que querem imergir na existência do Senhor, permite-se imergir como uma das centelhas espirituais do brahmajyoti. Eles não estão qualificados para tornarem-se associados do Senhor nos planetas Vaikuṇṭha, ou no planeta supremo, Goloka Vṛndāvana, descrito na Bhagavad-gītā como mad-dhāma e aqui neste verso como o sva-dhāma do Senhor.

A Bhagavad-gītā (15.6) faz a seguinte descrição desse mad-dhāma, ou sva-dhāma:

na tad bhāsayate sūryo
na śaśāṅko na pāvakaḥ
yad gatvā na nivartante
tad dhāma paramaṁ mama

O sva-dhāma do Senhor não precisa da iluminação de luz do Sol ou da Lua, ou da eletricidade. Esse dhāma, ou lugar, é supremo, e todo aquele que chegue até lá jamais regressa a este mundo material.

Os planetas Vaikuṇṭha e o planeta Goloka Vṛndāvana são todos luminosos, e os raios difundidos por esses sva-dhāma do Senhor constituem a existência do brahmajyoti. Como também confirmam os Vedas, tais como a Muṇḍaka Upaniṣad (2.2.10), Kaṭha Upaniṣad (2.2.15) e Śvetāśvatara Upaniṣad (6.14):

na tatra sūryo bhāti na candra-tārakaṁ
nemā vidyuto bhānti kuto ’yam agniḥ
tam eva bhāntam anubhāti sarvaṁ
tasya bhāsā sarvam idaṁ vibhāti

No sva-dhāma do Senhor, não é preciso a iluminação do Sol, da Lua ou das estrelas. Tampouco há necessidade de eletricidade, e muito menos de lâmpadas acesas. Por outro lado, é pelo fato de esses planetas serem luminosos que toda a refulgência se torna possível, e todo brilho existe por causa do reflexo desse sva-dhāma.

Quem está ofuscado pela refulgência do brahmajyoti impessoal não pode conhecer a transcendência pessoal; portanto, na Īśopaniṣad (15) pede-se que o Senhor afaste Sua refulgência deslumbrante para que o devoto possa ver a realidade dos fatos. Eis a oração:

hiraṇmayena pātreṇa
satyasyāpihitaṁ mukham
tat tvaṁ pūṣann apāvṛṇu
satya-dharmāya dṛṣṭaye

“Ó Senhor, és o mantenedor de tudo o que é material e espiritual, e tudo floresce por Tua misericórdia. Teu serviço devocional, ou bhakti-yoga, é o verdadeiro princípio religioso, satya-dharma, e estou ocupado neste serviço. Então, por favor, protege-me, mostrando-me Teu rosto verdadeiro. Por gentileza, remove, portanto, o véu formado pelos raios do Teu brahmajyoti para que eu possa ver Tua forma eterna cheia de conhecimento e bem-aventurança.”

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