VERSO 14
yasmin karma-samāvāyo
yathā yenopagṛhyate
guṇānāṁ guṇināṁ caiva
pariṇāmam abhīpsatām
yasmin — nas quais; karma — ações; samāvāyaḥ — acúmulo; yathā — tanto quanto; yena — pela qual; upagṛhyate — toma conta de; guṇānām — dos diferentes modos da natureza material; guṇinām — dos seres vivos; ca — também; eva — decerto; pariṇāmam — resultante; abhīpsatām — dos desejos.
Depois ainda, por favor, descreve como o acúmulo proporcional das reações resultantes dos diferentes modos da natureza material age sobre o ser vivo que cultiva desejos, promovendo-o ou degradando-o entre as diferentes espécies de vida, em que se incluem os semideuses e as criaturas mais insignificantes.
SIGNIFICADO—As ações e reações de todos os trabalhos nos modos da natureza material, na forma minúscula ou na forma gigantesca, acumulam-se, de modo que o resultado dessas ações e reações que se acumulam como karma, ou trabalho, torna-se manifesto na mesma proporção. Como ocorrem essas ações e reações, quais são os diferentes procedimentos, e em que proporção eles agem são todos assuntos que estão contidos nas indagações que Mahārāja Parīkṣit dirige ao grande brāhmaṇa Śukadeva Gosvāmī.
A vida nos planetas superiores, conhecidos como as moradas dos habitantes do céu, não é obtida por intermédio de espaçonaves (como agora estão pretendendo os cientistas inexperientes), mas por atividades realizadas no modo da bondade.
Até mesmo neste próprio planeta em que agora vivemos, fazem-se restrições à entrada de estrangeiros num país onde os cidadãos sejam mais prósperos. Por exemplo, o governo americano impõe muitas restrições à entrada de estrangeiros de países menos prósperos. A razão é que os americanos não querem dividir sua prosperidade com nenhum estrangeiro que não tenha se qualificado como cidadão americano. De modo semelhante, prevalece a mesma mentalidade em qualquer outro planeta onde residem seres vivos mais inteligentes. As condições de vida nos planetas superiores estão todas no modo da bondade, e qualquer um que deseje entrar nos planetas superiores, como a Lua, o Sol e Vênus, deverá adquirir total qualificação, praticando atividades em bondade completa.
As perguntas de Mahārāja Parīkṣit se referem à intensidade das ações em bondade que qualificam para a promoção às regiões mais elevadas do universo alguém que está neste planeta.
Mesmo neste planeta de nossa residência atual, ninguém consegue uma boa posição dentro da ordem social sem se qualificar com um bom trabalho credenciado. Não pode sentar-se na cadeira de um juiz do tribunal superior quem não estiver qualificado para o posto. De modo semelhante, não pode entrar nos sistemas planetários superiores quem não se qualifica realizando boas obras nesta vida. Pessoas afeitas aos hábitos da paixão e da ignorância não têm nenhuma chance de entrar nos sistemas planetários superiores com um simples mecanismo eletrônico.
egundo a afirmação da Bhagavad-gītā (9.25), as pessoas que tentam qualificar-se para a promoção aos planetas celestiais superiores podem ir para lá; igualmente, as pessoas que tentam ir aos Pitṛlokas podem ir para lá; do mesmo modo, quem tenta melhorar de condição nesta Terra também pode fazer isso, e aqueles que se ocupam em voltar ao lar, em voltar ao Supremo, podem conseguir esse resultado. As várias ações e reações do trabalho no modo da bondade são conhecidas, em geral, como atividade piedosa com serviço devocional, cultivo de conhecimento com serviço devocional, poderes místicos com serviço devocional e, por fim, serviço devocional não misturado com quaisquer outras variedades de bondade. Este serviço devocional em que não há misturas é transcendental e chama-se parā bhakti. Apenas ele pode promover a pessoa ao transcendental reino de Deus. Esse reino transcendental não é um mito, mas é tão real como a Lua. É preciso ter qualidades transcendentais para compreender o reino de Deus e o próprio Deus.