VERSO 10
ye me tanūr dvija-varān duhatīr madīyā
bhūtāny alabdha-śaraṇāni ca bheda-buddhyā
drakṣyanty agha-kṣata-dṛśo hy ahi-manyavas tān
gṛdhrā ruṣā mama kuṣanty adhidaṇḍa-netuḥ
ye — que pessoas; me — Meu; tanūḥ — corpo; dvija-varān — o melhor dos brāhmaṇas; duhatīḥ — vacas; madīyāḥ — relacionados a Mim; bhūtāni — entidades vivas; alabdha-śaraṇāni — indefesas; ca — e; bheda-buddhyā — considerando diferentes; drakṣyanti — veem; agha — pelo pecado; kṣata — é debilitada; dṛśaḥ — cuja faculdade de julgamento; hi — porque; ahi — como uma serpente; manyavaḥ — irados; tān — essas mesmas pessoas; gṛdhrāḥ — os mensageiros semelhantes a abutres; ruṣā — com raiva; mama — Minha; kuṣanti — lágrima; adhidaṇḍa-netuḥ — do superintendente da punição, Yamarāja.
Os brāhmaṇas, as vacas e as criaturas indefesas são Meu próprio corpo. Aqueles cuja faculdade de julgamento tem sido debilitada por seus próprios pecados veem-nos como diferentes de Mim. Eles são como serpentes furiosas, e são iradamente dilacerados pelos bicos dos abutres conhecidos como mensageiros de Yamarāja, o superintendente das pessoas pecaminosas.
SIGNIFICADO—As criaturas indefesas, segundo a Brahma-saṁhitā, são as vacas, os brāhmaṇas, as mulheres, as crianças e os idosos. Desses cinco, os brāhmaṇas e as vacas são especialmente mencionados neste verso porque o Senhor está sempre ansioso por beneficiar os brāhmaṇas e as vacas e é louvado por essa atitude. O Senhor ensina especialmente, portanto, que ninguém deve ter inveja desses cinco, especialmente das vacas e dos brāhmaṇas. Em alguns trechos do Bhāgavatam, usa-se a palavra duhitṝḥ ao invés de duhatīḥ. Mas, de qualquer modo, o significado é o mesmo. Duhatīḥ significa “vaca”, e duhitṝḥ também pode ser usada como significando “vaca”, pois a vaca é tida como a filha do deus do Sol. Assim como os pais cuidam das crianças, a classe feminina deve ser protegida pelo pai, pelo esposo ou pelo filho crescido. Aqueles que são indefesos devem ser protegidos por seus respectivos tutores, pois, de outro modo, os tutores estarão sujeitos à punição de Yamarāja, que é apontado pelo Senhor para supervisionar as atividades das criaturas pecaminosas. Os assistentes, ou mensageiros, de Yamarāja são comparados aqui a abutres, e aqueles que não executam seus respectivos deveres de proteger seus tutelados comparam-se a serpentes. Os abutres tratam muito severamente as serpentes, e, analogamente, os mensageiros de Yamarāja tratarão com grande severidade os tutores negligentes.