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VERSO 35

bhakti-yogaś ca yogaś ca
mayā mānavy udīritaḥ
yayor ekatareṇaiva
puruṣaḥ puruṣaṁ vrajet

bhakti-yogaḥ — serviço devocional; ca — e; yogaḥyoga místico; ca — também; mayā — por Mim; mānavi — ó filha de Manu; udīritaḥ — descritos; yayoḥ — dois dos quais; ekatareṇa — por um deles; eva — unicamente; puruṣaḥ — uma pessoa; puruṣam — a Pessoa Suprema; vrajet — pode atingir.

Minha querida mãe, ó filha de Manu, o devoto que aplica a ciência do serviço devocional e do yoga místico dessa maneira pode atingir a morada da Pessoa Suprema simplesmente por este serviço devocional.

SIGNIFICADO––Nesta passagem, a Suprema Personalidade de Deus Kapiladeva explica perfeitamente que o sistema de yoga místico, que consiste em oito diferentes tipos de atividades de yoga, precisa ser executado com o objetivo de se chegar à fase perfectiva de bhakti-yoga. Não é aceitável que alguém se contente com a mera prática de posturas sentadas e julgue-se completo. Por intermédio da meditação, deve-se alcançar a fase de serviço devocional. Como se descreveu anteriormente, o yogī é aconselhado a meditar na forma do Senhor Viṣṇu de ponta a ponta, desde os tornozelos e as pernas, até os joelhos, e as coxas, até o peito e o pescoço, e, dessa maneira, gradualmente chegar até o rosto e então nos ornamentos. Não há possibilidade de meditação impessoal.

Quando, através da meditação na Suprema Personalidade de Deus em todos os detalhes, chega-se ao ponto de amor a Deus, essa é a fase de bhakti-yoga, fase em que se deve realmente prestar serviço ao Senhor com amor transcendental. Qualquer pessoa que pratique yoga e chegue ao ponto do serviço devocional pode alcançar a Suprema Personalidade de Deus em Sua morada transcendental. Afirma-se claramente aqui, puruṣaḥ puruṣaṁ vrajet: o puruṣa, a entidade viva, vai ter com a Pessoa Suprema. A Suprema Personalidade de Deus e a entidade viva são qualitativamente iguais – ambas são definidas como puruṣa. A qualidade de puruṣa existe tanto na Divindade Suprema quanto na entidade viva. Puruṣa significa “desfrutador”, e o espírito de desfrute está presente tanto na entidade viva quanto no Senhor Supremo. A diferença é que a quantidade de desfrute não é igual. A entidade viva não pode experimentar a mesma quantidade de desfrute que a Suprema Personalidade de Deus. A esse respeito, pode-se fazer a analogia do homem rico e o homem pobre: a propensão para o desfrute está presente em ambos, mas o pobre não pode desfrutar na mesma quantidade que o rico. Contudo, quando o pobre vincula seus desejos aos do rico, e quando há cooperação entre o pobre e o rico, ou entre o grande e o pequeno, o desfrute é compartilhado igualmente. Bhakti-yoga é assim. Puruṣaḥ puruṣam vrajet: quando a entidade viva entra no reino de Deus e coopera com o Senhor Supremo dando-Lhe prazer, ela goza da mesma facilidade ou da mesma quantidade de prazer que a Suprema Personalidade de Deus.

Por outro lado, quando a entidade viva quer desfrutar imitando a Suprema Personalidade de Deus, seu desejo chama-se māyā, e isso a coloca na atmosfera material. Uma entidade viva que quer desfrutar por sua própria conta e não coopera com o Senhor Supremo está ocupada em vida materialista. Tão logo vincule seu prazer ao da Suprema Personalidade de Deus, ela se ocupa em vida espiritual. Aqui pode-se citar um exemplo: os diferentes membros do corpo não podem gozar da vida de forma independente; eles têm de cooperar com todo o corpo e fornecer alimento ao estômago. Assim fazendo, todas as diferentes partes do corpo desfrutam igualmente em cooperação com todo o corpo. Essa é a filosofia de acintya-bhedābheda, igualdade e diferença simultâneas. A entidade viva não pode gozar da vida em oposição ao Senhor Supremo; ela precisa vincular suas atividades ao Senhor, praticando bhakti-yoga.

Aqui se afirma que é possível aproximar-se da Suprema Personalidade de Deus, ou pelo processo de yoga, ou pelo processo de bhakti-yoga. Isso indica que, na verdade, não há diferença entre yoga e bhakti-yoga porque a meta de ambas é Viṣṇu. Na era moderna, entretanto, inventam processos de yoga que visam a algo vazio e impessoal. Na realidade, yoga quer dizer meditação na forma de Viṣṇu. Se a prática de yoga é realmente executada de acordo com a orientação padrão, não há diferença entre yoga e bhakti-yoga.

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