VERSO 20
yātanā-deha āvṛtya
pāśair baddhvā gale balāt
nayato dīrgham adhvānaṁ
daṇḍyaṁ rāja-bhaṭā yathā
yātanā — para punição; dehe — seu corpo; āvṛtya — cobrindo; pāśaiḥ — com cordas; baddhvā — amarrando; gale — pelo pescoço; balāt — à força; nayataḥ — eles conduzem; dīrgham — longa; adhvānam — distância; daṇḍyam — um criminoso; rāja-bhaṭāḥ — os soldados do rei; yathā — como.
Assim como os agentes policiais do estado prendem um criminoso para ele ser punido, uma pessoa ocupada em gozo criminoso dos sentidos é semelhantemente capturada pelos Yamadūtas, que a amarram pelo pescoço com fortes cordas e cobrem-lhe o corpo sutil para que possa ser submetida a rigorosos castigos.
SIGNIFICADO—Toda entidade viva reveste-se de um corpo grosseiro e de um corpo sutil. O corpo sutil é a cobertura de mente, ego, inteligência e consciência. Afirma-se nas escrituras que os soldados de Yamarāja cobrem o corpo sutil do réu e levam-no à morada de Yamarāja para que seja castigado de maneira que consiga tolerar. Ele não morre ao ser assim castigado porque, se ele morresse, quem sofreria o castigo? Não compete aos soldados de Yamarāja dar cabo de uma pessoa. De fato, não é possível matar a entidade viva porque, na verdade, ela é eterna; ela precisa apenas sofrer as consequências de suas atividades de gozo dos sentidos.
O processo de punição é explicado no Caitanya-caritāmṛta. Antigamente, os homens do rei costumavam levar o criminoso de barco até o meio de um rio. Após o fazerem entrar na água, seguravam uma mecha do seu cabelo e afundavam-no até a cabeça, e, quando ele quase se afogava, os soldados do rei o tiravam da água e permitiam que ele respirasse por algum tempo, após o que o mergulhavam na água até quase se afogar. Essa espécie de punição é infligida à alma esquecida por Yamarāja, como será descrito nos versos a seguir.