No edit permissions for Português

Capítulo Trinta

O Senhor Kapila Descreve as Atividades Fruitivas Adversas

VERSO 1: A Personalidade de Deus disse: Assim como uma massa de nuvens desconhece a poderosa influência do vento, uma pessoa absorta em consciência material desconhece a poderosa força do fator tempo, que a está arrastando.

VERSO 2: Qualquer coisa que o materialista produza, com grande dor e esforço, em troca da dita felicidade, a Suprema Personalidade de Deus, como o fator tempo, destrói, e por esse motivo a alma condicionada se lamenta.

VERSO 3: O materialista desorientado não sabe que seu próprio corpo é impermanente e que os atrativos do lar, da terra e da riqueza, que estão relacionados com este corpo, também são temporários. Somente por ignorância ele pensa que tudo é permanente.

VERSO 4: A entidade viva, seja qual for a espécie de vida em que apareça, encontra nela uma categoria de satisfação específica, e nunca tem aversão a estar situada em tal condição.

VERSO 5: A entidade viva condicionada sente-se satisfeita em sua própria espécie de vida em particular. Enquanto está iludida pela influência encobridora da energia ilusória, ela se sente pouco inclinada a deixar seu corpo, mesmo que esteja no inferno, pois ela sente deleite no gozo infernal.

VERSO 6: Tal satisfação com seu padrão de vida deve-se à profundamente arraigada atração pelo corpo, esposa, lar, filhos, animais, riqueza e amigos. Em semelhante associação, a alma condicionada se julga completamente perfeita.

VERSO 7: Embora sempre esteja ardendo em ansiedade, um tolo assim sempre executa atividades malignas de toda espécie, com uma esperança que jamais será satisfeita, a fim de manter sua dita família e sociedade.

VERSO 8: Ele dá o coração e os sentidos a uma mulher, que falsamente o enfeitiça com māyā. Ele desfruta de abraços solitários e conversas com ela, e fica encantado com as doces palavras de seus filhinhos.

VERSO 9: O chefe de família apegado permanece em sua vida familiar, que é cheia de diplomacia e política. Sempre disseminando sofrimentos e controlado por atos de gozo dos sentidos, ele age somente para neutralizar as reações de todos os seus sofrimentos, e, se consegue neutralizar tais sofrimentos com sucesso, ele pensa que é feliz.

VERSO 10: Ele consegue dinheiro cometendo violência aqui e ali, e, embora o empregue a serviço de sua família, ele próprio come apenas uma pequena porção do alimento assim adquirido, e vai para o inferno por aqueles para quem ganhou o dinheiro de maneira tão irregular.

VERSO 11: Quando sofre reveses em sua ocupação, ele tenta repetidamente aprimorar-se, mas, quando se frustram todas as suas tentativas e ele se vê arruinado, ele aceita dinheiro dos outros devido à cobiça excessiva.

VERSO 12: Deste modo, o homem desventurado, malsucedido em manter os membros de sua família, é destituído de toda a beleza. Ele sempre pensa em seu fracasso, enchendo-se de profundo pesar.

VERSO 13: Vendo-o incapaz de sustentá-los, sua esposa e outros não o tratam com o mesmo respeito de antes, assim como fazendeiros avaros não concedem o mesmo tratamento a seu gado velho e ocioso.

VERSO 14: O chefe de família tolo não sente aversão pela vida familiar, embora seja mantido por aqueles a quem um dia providenciou o sustento. Deformado pela influência da velhice, ele se prepara para encontrar-se com a morte fatal.

VERSO 15: Assim, ele permanece em casa como um cão de estimação e come qualquer coisa que lhe seja dada com displicência. Atacado por muitos males, tais como dispepsia e perda de apetite, ele come somente pequeníssimos bocados de alimento, e se torna um inválido, que não pode mais trabalhar.

VERSO 16: Nessa condição doentia, seus olhos esbugalham-se devido à pressão interna do ar, e suas glândulas ficam congestionadas com muco. Ele tem dificuldade de respirar e, ao exalar e ao inalar, produz um som parecido com “ghura-ghura”, um ruído dentro da garganta.

VERSO 17: Dessa maneira, ele tomba nas garras da morte e jaz, cercado por lúgubres amigos e parentes, e, embora queira falar com eles, já não consegue, porque caiu sob o controle do tempo.

VERSO 18: Assim, o homem que com sentidos descontrolados se dedicava a manter uma família, morre em grande aflição, vendo seus parentes chorando. Ele morre de maneira muito patética, em meio a grandes dores e sem consciência.

VERSO 19: No momento da morte, ele vê os mensageiros do senhor da morte aparecerem diante dele, com os olhos cheios de ira, e, com grande temor, ele defeca e urina.

VERSO 20: Assim como os agentes policiais do estado prendem um criminoso para ele ser punido, uma pessoa ocupada em gozo criminoso dos sentidos é semelhantemente capturada pelos Yamadūtas, que a amarram pelo pescoço com fortes cordas e cobrem-lhe o corpo sutil para que possa ser submetida a rigorosos castigos.

VERSO 21: Enquanto é carregado pelos mensageiros de Yamarāja, ele se sente oprimido e suas mãos tremem. Ao passar pela estrada, ele é mordido por cães, em razão do que pode lembrar-se das atividades pecaminosas de sua vida. Deste modo, experimenta terrível aflição.

VERSO 22: Sob o Sol escaldante, o criminoso tem que passar por estradas de areia quente com florestas em chamas dos dois lados. É chicoteado nas costas pelos carrascos por ser incapaz de caminhar e é afligido pela fome e pela sede, mas, infelizmente, não há água potável, nem abrigo, nem lugar de descanso na estrada.

VERSO 23: Enquanto passa por essa estrada rumo à morada de Yamarāja, ele cai de fadiga, e às vezes perde a consciência, mas é forçado a levantar-se mais uma vez. Dessa maneira, ele é rapidamente levado à presença de Yamarāja.

VERSO 24: Deste modo, ele tem de passar por noventa e nove mil yojanas dentro de dois ou três segundos, após o que é imediatamente submetido aos castigos torturantes que está destinado a sofrer.

VERSO 25: Ele é posto no meio de tições de madeira incandescente, e ateia-se fogo aos seus membros. Em alguns casos, ele é forçado a comer sua própria carne ou dá-la a comer aos outros.

VERSO 26: Suas entranhas são arrancadas pelos cães de caça e abutres do inferno, muito embora ele ainda esteja vivo para ver isso, e se sujeita ao tormento de serpentes, escorpiões, mosquitos e outras criaturas que o mordem.

VERSO 27: Em seguida, seus membros são amputados e despedaçados por elefantes. Ele é atirado violentamente de cumes de colinas e, além disso, é mantido cativo, ou na água, ou numa caverna.

VERSO 28: Homens e mulheres cujo fundamento da vida era a vida sexual ilícita são postos em muitas espécies de condições deploráveis nos infernos conhecidos como Tāmisra, Andha-tāmisra e Raurava.

VERSO 29: O Senhor Kapila continuou: Minha querida mãe, às vezes se diz que experimentamos céu ou inferno neste planeta, pois os castigos infernais às vezes são visíveis também neste planeta.

VERSO 30: Após deixar este corpo, o homem que manteve a si e aos membros de sua família através de atividades pecaminosas sofre uma vida infernal, e seus parentes também sofrem.

VERSO 31: Solitário, ele vai às mais escuras regiões do inferno após abandonar o corpo atual, e o dinheiro que adquiriu, invejando outras entidades vivas, é o dinheiro da passagem com a qual ele deixa este mundo.

VERSO 32: Assim, pelo arranjo da Suprema Personalidade de Deus, o mantenedor dos parentes é posto numa condição infernal para sofrer por suas atividades pecaminosas, assim como um homem que perde sua riqueza.

VERSO 33: Portanto, uma pessoa que está muito ansiosa por manter sua família e seus parentes somente através de métodos sujos irá com toda a certeza para a mais escura região do inferno, que é conhecida como Andha-tāmisra.

VERSO 34: Tendo passado por todas as condições desgraçadas e infernais, e tendo passado em ordem regular pelas mais baixas formas de vida animal anteriores ao nascimento humano, e tendo sido assim purgado de seus pecados, ele renasce mais uma vez como ser humano nesta Terra.

« Previous Next »