VERSO 5
ye sva-dharmān na duhyanti
dhīrāḥ kāmārtha-hetave
niḥsaṅgā nyasta-karmāṇaḥ
praśāntāḥ śuddha-cetasaḥ
ye — aqueles que; sva-dharmān — seus próprios deveres ocupacionais; na — não; duhyanti — tiram proveito de; dhīrāḥ — inteligentes; kāma — gozo dos sentidos; artha — desenvolvimento econômico; hetave — em nome de; niḥsaṅgāḥ — livres do apego material; nyasta — abandonadas; karmāṇaḥ — atividades fruitivas; praśāntāḥ — satisfeitos; śuddha-cetasaḥ — de consciência purificada.
Aqueles que são inteligentes e purificaram sua consciência vivem plenamente satisfeitos em consciência de Kṛṣṇa. Livres dos modos da natureza material, eles não agem visando ao gozo dos sentidos; ao contrário, visto que estão situados em seus próprios deveres ocupacionais, agem como esperado.
SIGNIFICADO—O exemplo de primeira classe desse tipo de homem é Arjuna. Arjuna era kṣatriya, e seu dever ocupacional era lutar. Geralmente, os reis lutam para expandir seus reinos, que governam visando ao gozo dos sentidos. Contudo, no que diz respeito a Arjuna, ele se recusou a lutar para o gozo de seus próprios sentidos. Ele disse que, mesmo que pudesse obter um reino lutando contra seus parentes, ele não queria lutar contra eles. Porém, ao receber a ordem de Kṛṣṇa e se convencer diante dos ensinamentos da Bhagavad-gītā de que era seu dever satisfazer Kṛṣṇa, então ele lutou. Deste modo, ele lutou, não visando ao gozo de seus sentidos, mas visando à satisfação da Suprema Personalidade de Deus.
Pessoas que trabalham em seus deveres prescritos, não em troca de gozo dos sentidos, mas para o prazer do Senhor Supremo, chamam-se niḥsaṅga, livres da influência dos modos da natureza material. Nyasta-karmāṇaḥ quer dizer que os resultados de suas atividades são oferecidos à Suprema Personalidade de Deus. Pessoas assim parecem estar agindo na plataforma de seus respectivos deveres, mas essas atividades não são executadas em troca de gozo pessoal dos sentidos; pelo contrário, são executadas para a Pessoa Suprema. Tais devotos se chamam praśāntāḥ, que significa “plenamente satisfeitos”. Śuddha-cetasaḥ quer dizer conscientes de Kṛṣṇa – eles purificaram sua consciência. Com consciência impura, julgamo-nos o Senhor do universo, porém, com consciência pura, julgamo-nos servos eternos da Suprema Personalidade de Deus. Na verdade, situando-nos nesta posição de serviço eterno ao Senhor Supremo e trabalhando para Ele por toda a eternidade, ficamos plenamente satisfeitos. Enquanto trabalharmos visando ao gozo pessoal dos sentidos, estaremos sempre cheios de ansiedade. É essa a diferença entre consciência comum e consciência de Kṛṣṇa.